No Reino Unido, a London Tobacco Alliance, apoiada pela prefeitura de Londres e diretores de saúde pública, anteriormente promovia os vapes como uma alternativa saudável ao tabagismo, incentivando médicos a recomendá-los como uma “fonte de nicotina limpa”. Contudo, o novo governo do Partido Trabalhista, que assumiu em julho, decidiu reverter essa política.
Razões para a mudança
Duas preocupações principais motivaram essa mudança: o descarte inadequado das embalagens e o aumento do uso de vapes entre jovens que nunca fumaram. Um estudo da University College London revelou que, enquanto o uso de vapes entre fumantes se mantinha estável até 2021, o uso entre jovens disparou nos últimos anos. O governo expressou preocupações sobre os efeitos desconhecidos a longo prazo dos vapes, que já foram associados a substâncias cancerígenas e riscos para o desenvolvimento cerebral em jovens.
O ministro da Saúde Pública, Andrew Gwynne, destacou que a maioria das crianças que usa vapes prefere os descartáveis, e essa mudança visa conter o aumento do tabagismo entre os jovens. A nova lei, que proíbe os vapes descartáveis a partir de junho de 2025, foi inicialmente proposta pelo governo anterior, mas o atual governo trabalhista se comprometeu a realizar uma “grande intervenção de saúde pública”.
Impacto ambiental
Além das preocupações de saúde, há um forte componente ambiental na decisão. O governo pretende combater a “cultura do descartável” associada aos vapes, que geraram um aumento alarmante no lixo eletrônico. Em 2023, 7,7 milhões de vapes foram vendidos semanalmente, e cinco milhões foram descartados inadequadamente. As vapes contêm produtos químicos e baterias de lítio, que podem ser perigosos para o meio ambiente. Estima-se que até 80% dos materiais dos vapes sejam recicláveis, e a iniciativa busca reduzir a contaminação ambiental por plástico e metais pesados.
Acessibilidade e uso
Apesar da proibição, os vapes continuam facilmente acessíveis. Muitos adolescentes e jovens adultos em Londres usam esses dispositivos, que podem ser encontrados nas prateleiras dos supermercados ao lado de bebidas alcoólicas. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas na Inglaterra usam vapes sem serem fumantes regulares, um aumento significativo em relação a anos anteriores. Entre adolescentes de 11 a 15 anos, cerca de 25% relataram já ter experimentado um vape.
Uma residente de 28 anos, que vive no Reino Unido há um ano, comentou sobre a facilidade de acesso aos vapes na capital. Embora tenha ouvido sobre possíveis mudanças nas políticas, ela não percebeu alterações significativas no acesso aos dispositivos.
Essa mudança no discurso e nas políticas de saúde pública marca um ponto de inflexão significativo no tratamento dos vapes no Reino Unido, refletindo a complexidade da luta contra o tabagismo e os desafios de saúde pública enfrentados pelo país.
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