Círio de Nazaré

TCE abre exposição de barcos de miriti

Simboliza a minha fé, é uma arte que tem o meu toque”. Foi com essas palavras que o jovem Carlos Henrique, de 15 anos.

TCE abre exposição de barcos de miriti TCE abre exposição de barcos de miriti TCE abre exposição de barcos de miriti TCE abre exposição de barcos de miriti
Foto: Antonio Melo - Diário do Pará
Foto: Antonio Melo - Diário do Pará

Simboliza a minha fé, é uma arte que tem o meu toque”. Foi com essas palavras que o jovem Carlos Henrique, de 15 anos, se referiu à sua criação artística, um dos 200 barquinhos de miriti que faz agora parte da exposição “Canoas de Promesseiros”, aberta ontem, 02, pelo Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA).

“É um sentimento único porque me dediquei a todo o processo de criação, desde o pensar das cores até o formato da pintura. Mas principalmente por saber que um trabalho meu está sendo exibido durante a quadra Nazarena. E, para mim, que já acompanho há anos as procissões, se torna gratificante. É o meu momento de mostrar a minha fé à nossa Senhora de Nazaré”, afirmou Carlos Henrique, estudante do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE).

Com movimentos suítes e cheios de cores, os barquinhos, que ‘dão vida’ ao lago que fica na sede central do Tribunal, localizada na travessa Quintino Bocaiuva, no centro de Belém, recriam a Romaria Fluvial, uma das mais belas procissões do Círio de Nazaré, mas também a fé dos ribeirinhos nas águas da Baía do Guajará, representando a realidade paraense, onde os rios são o principal meio de transporte na Amazônia.

“A [expsoição] Canoas de Promesseiros já é uma tradição do Tribunal de Contas do Estado há 17 anos. E todos os anos fazemos essa mostra com o intuito de homenagear a nossa padroeira e ao povo paraense. É o momento onde muitos têm a chance de relembrar e sentir a devoção mariana”, destacou Rosa Egídia Crispino Lopes, presidente do TCE-PA.

Legado

Ao longo dos anos, a exposição conquistou o público que visita o entorno da sede do TCE-PA e foi incluída no calendário oficial do Círio de Nazaré. Nesta edição a exposição tem como tema ‘Colorindo o Futuro com Fé e Esperança’, que visa sensibilizar a população sobre a causa das pessoas com deficiência e promover sua inclusão social por meio da fé em Deus e da intercessão de Nossa Senhora de Nazaré.

E, como manda a tradição, o sentimento de nostalgia e devoção tomou conta das inúmeras pessoas que optaram por participar do momento de inauguração. Entre os muitos que estavam presentes, a família de Arthur Tavares ressaltou a importância desse momento para criar e relembrar memórias afetivas do Círio.

“Sempre achei muito bonito como as cores se misturam com a água e passam uma sensação de leveza, algo só visto durante o Círio de Nossa Senhora. É o momento marcante que acompanha o mês de outubro. Aqui eu me lembro de quando meus pais me traziam para ver os barquinhos, tocar neles, e hoje eu trago o meu para ter a mesma experiência”, disse Arthur Tavares, engenheiro.

Inclusão

Desde 2023, o TCE-PA tem como proposta incluir socialmente pessoas com deficiência, por meio de oficinas de pintura, ampliando o impacto da ação para além do aspecto cultural, promovendo também a inclusão. Entre as peças confeccionadas para a exposição deste ano, 25 barquinhos foram coloridos por crianças e adolescentes alunos do CAEE.

“Mais uma vez tivemos a chance de participar desse momento. E, neste ano, recebemos oficinas de pinturas, algo que marcou a vida de muitos, pois esse momento é extremamente inclusivo, pois muitas das vezes nossos alunos são excluídos de alguns processos sociais. Então, essa é a oportunidade para que as pessoas entendam que a sociedade precisa ser aberta para todas as crianças, incluindo as nossas com deficiência”, explicou Liliane Cassiano, diretora do CAEE.

Algo que o estudante do centro, Pedro Henrique Soares, faz questão de destacar. “O processo foi divertido. Superou minha expectativa. E o sentimento que veio ao ver o meu barco aqui, principalmente ao lado de Nossa Senhora, é gratificante, indescritível. Fora a fé, que amplia muito. Eu me sinto realizado ao expor uma coisa que eu fiz com minhas próprias mãos, e agora está aqui, flutuando nesse lindo e vasto lago, azul, carregado de felicidade, esperança e fé”, contou.

Valorização

Para reforçar a valorização do artesanato regional ao utilizar a fibra do miritizeiro, material emblemático durante a Festividade de Nazaré, os 200 barquinhos de miriti, forma confeccionados por artesãos de Abaetetuba e pintados por crianças e adolescentes em oficinas de pintura organizadas pelo TCE-PA.

“Estou mais um ano participando desse momento. Tendo a oportunidade de trazer o meu trabalho de Abaetetuba e mostrar para esse lado de Belém. É um formato para a economia local do meu município, de tantos outros trabalhadores como eu. E tudo isso só se identifica quando trabalhamos para algo relacionado a Nossa Senhora de Nazaré, ao Círio de Nazaré”, concluiu Manoel Miranda, artesão da Aapam.