INFLAÇÃO

Almoço do Círio está até 20% mais caro

Pesquisa do Dieese em feiras e mercados de Belém comprovam a alta nos itens em relação ao mesmo período do ano passado

A maniçoba é indispensável na mesa do Círio. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
A maniçoba é indispensável na mesa do Círio. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

O tradicional Almoço do Círio de Nazaré, uma celebração enraizada na cultura paraense, enfrentará um desafio financeiro este ano. Os reajustes de preços de vários ingredientes típicos, como pato, tucupi e maniva, ultrapassam 20%, o dobro da inflação média do último ano, estimada em 4%, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), divulgado nesta terça-feira (1). Esse aumento significativo nos custos pode impactar a celebração para muitas famílias e turistas, especialmente para aqueles que desejam manter a tradição sem comprometer o orçamento.

Além de milhares de romeiros, Belém deve receber cerca de 89 mil turistas, segundo um estudo realizado pelo Dieese-PA em parceria com a Secretaria de Estado de Turismo (Setur). Esses visitantes, vindos de diversas partes do país e até do exterior, devem injetar aproximadamente R$180 milhões na economia local. Contudo, os consumidores – tanto moradores quanto turistas – sentirão no bolso o impacto de preços mais altos, já que produtos e serviços estão consideravelmente mais caros em comparação com 2023, considerando os reajustes, especialmente em áreas como transporte, hospedagem e alimentação, que não foram uniformes.

A pesquisa foi realizada comparando os preços em feiras livres, mercados e supermercados da capital paraense, no período de 24 a 30 de setembro, em comparação com o mesmo período de 2023.

TUCUPI

O Departamento destaca que os reajustes de preços não foram uniformes, com alguns itens fundamentais apresentando variações expressivas. Dentre os itens, o tucupi, fundamental para pratos como o pato ou frango no tucupi, também sofreu alta significativa. Nas feiras livres, a garrafa de 2 litros pode custar de R$10 a R$20 e nos supermercados, o preço varia entre R$12 e 20; já em versões orgânicas, pode ser encontrado entre R$26,50 a até mais de R$28. Embora variem em função do local de compra ou marca, o reajuste deste produto, em alguns casos, pode ser considerado mais de 20%.

MANIVA

A maniçoba, outro prato essencial, também sentiu o peso da inflação. A maniva, seu principal ingrediente, registrou um aumento de até 15%. No caso do kg, especialmente em feiras livres – incluindo o mercado Ver-o-Peso –, em relação a maniva crua, foi encontrada custando entre R$ 4 a R$ 6; e pré-cozida, entre R$ 7 a R$ 15; já nos supermercados, os preços da pré-cozida foram encontrados entre R$ 4,65 a R$ 10 por kg.

PATO

Outro item essencial, o pato vivo pode ser encontrado em maior quantidade nesta reta final próxima a data do evento, se comparado a semanas anteriores. O pato, seja vivo ou congelado, registrou uma alta de mais de 10%. O pato vivo pode ser encontrado nas feiras livres entre R$ 120 e R$ 150, com pesos variando entre 2 quilos (kg) a 3,5 kg; enquanto o pato congelado, nos supermercados, varia entre R$ 34 e R$ 42 por quilo.

JAMBU E ALFAVACA

O jambu e a alfavaca também ficaram mais caros este ano. Nas feiras, o maço do produto pode ser encontrado com os preços oscilando entre R$ 2,50 a mais de R$ 3. Nos supermercados, estes dois produtos têm valores diferenciados, que vão de R$ 1,85 a R$ 2,90. Os preços de ambos subiram mais que a inflação estimada, alcançando, em alguns casos, mais de 5%.

OUTRAS OPÇÕES

Também nos supermercados, o kg do peru, além de estar bem mais caro este ano, tem seus preços variando entre R$ 30,49 a R$ 31,99. Esses aumentos estão levando consumidores a buscarem alternativas mais baratas, como o frango – seja vivo, congelado ou resfriado –, que tem apresentado preços mais estáveis. Tanto nas feiras e mercados, os preços variam de R$ 10 a R$ 14 o kg; já nos supermercados, o item congelado ou resfriado custa entre R$ 9,45 a R$ 13,99.

Para incrementar a maniçoba ou fazer um prato à parte, o pernil suíno também faz parte do cardápio do almoço. O kg dele pode ser encontrado nos supermercados de Belém, dependendo do local, marca, e se é com ou sem osso, com os preços variando entre R$16,40 a mais de R$20.