DECISÃO

Briga de torcidas em Belém: Justiça libera 242 suspeitos, impõe restrições e mantém 23 presos

A decisão foi motivada após um confronto entre integrantes das duas torcidas no início da tarde de hoje, em Belém. Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará
A decisão foi motivada após um confronto entre integrantes das duas torcidas no início da tarde de hoje, em Belém. Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará

O Juiz titular da 1ª Vara Penal de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém, Heyder Tavares da Silva Ferreira, decidiu pela soltura de 242 membros de torcidas organizadas que protagonizaram um confronto em Belém na última segunda-feira, horas antes do jogo entre Paysandu e Sport na Curuzu, pela Série B. A briga envolveu torcedores organizados de Paysandu, Sport e Remo. A Polícia Militar foi acionada imediatamente e conseguiu prender quase 300 pessoas. Todas foram ouvidas e encaminhadas para algumas casas penais até audiência de custódia.

Ao liberar a maioria dos presos, o magistrado impôs uma série de restrições. Antes, cada um terá que pagar fiança no importe individual de R$ 1.412,00 (mil quatrocentos e doze) reais. Além disso, deve comparecer trimestralmente na Justiça e, após o encerramento do inquérito, deverá ser mantido no Juízo natural para o qual o feito for redistribuído.

Os torcedores do Clube do Remo comparecerão ao Fórum Criminal, inclusive para assinar o termo de compromisso desta decisão, entre o 1º e o 15º dia do mês, enquanto os torcedores do Paysandu deverão comparecer entre 16ª e o 30º dia.

Os envolvidos terão que manter o endereço atualizado e informar qualquer mudança. Eles ainda estarão proibidos de comparecer a qualquer jogo de futebol profissional em Belém, devendo permanecer afastados dos locais de disputa esportiva, com o objetivo de evitar a prática de novas infrações, pelo período de 01 (um) ano. Os investigados identificados como torcedores do Remo deverão comparecer ao Centro de Missões Especiais, localizado na Avenida Engenheiro Fernando Guilhon, s/n, bairro Cremação, duas horas antes de o início da partida, permanecendo no local até 02 (duas) horas depois do término do jogo.

Do mesmo modo, os torcedores do Paysandu deverão se dirigir ao Batalhão de Polícia Ambiental, localizado na Avenida Papa João Paulo II, s/n – Curió-Utinga, duas horas antes, permanecendo no local até 02 (duas) horas após o término do jogo.

Outros 23 vão continuar presos
Por outro lado, o juiz manteve presos 23 acusados. Segundo a decisão, há indícios de que os investigados, integrando uma associação criminosa juntamente com outras pessoas não identificadas, teriam provocado uma briga generalizada e até planejado atentados contra a vida e a integridade física de torcedores rivais.

Para ele, ficou evidenciado no procedimento administrativo que os envolvidos não tinham como alvo exclusivo os torcedores do time rival, pois o tumulto foi iniciado em via pública, colocando em risco, inclusive, a integridade de pessoas que transitavam pelo local no momento do ocorrido.

“Dessa forma, condutas como essas merecem repressão estatal, principalmente por instaurarem um clima de guerra entre as torcidas organizadas, o que contraria diretamente o objetivo teórico que justificaria suas existências: o amor ao esporte”, disse.

Um dos envolvidos é Patrick Luiz Dias da Costa. Ele é um dos acusados de participar da morte de um torcedor do Corinthians em Belém. Na época, foi preso temporariamente. Acabou tendo o benefício da prisão domiciliar. ‘Entretanto, não foi suficiente para inibir a prática de outro delito de igual gravidade’, destacou o juiz.

Ele e os demais envolvidos participarão de uma audiência de custódia presencial para o dia 4 de outubro às 9h na sala de audiências da Vara do Plantão de Belém.