A atividade econômica do Estado do Pará pode encerrar o ano de 2024 como a segunda economia que mais cresce no país. Na variação acumulada em 12 meses, até julho de 2024, o Estado ultrapassou o Goiás e já desponta como a 2º maior economia do país, ficando atrás apenas do Espírito Santo. Os dados fazem parte do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), indicador do Banco Central divulgado mensalmente que agrega as informações sobre o desempenho da economia nos setores agropecuário, industrial, turismo, empregabilidade, entre outros. Os resultados mensais são analisados pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), referência nacional em pesquisas e estatísticas nas áreas de economia, geoprocessamento, geografia e ciências sociais.
Os dados divulgados pelo Banco Central foram interpretados pela colunista Ana Luísa Cintra, da Belém Negócios, plataforma focada no mercado paraense, que realiza iniciativas com o objetivo de fomentar o empreendedorismo local.
Segundo ela, do ponto de vista econômico, o Pará está se destacando cada vez mais. Indicadores como o índice de empregabilidade, o turismo crescente com o Círio e a COP-30, e a grande participação do Estado no PIB nacional apontam para a boa colocação do Pará em relação às outras unidades federativas
Para o analista do Departamento Intersindical de Economia e Estatística – Dieese Pará, Everson Costa, consultado pela “Belém Negócios”, os índices mostram o motivo da boa colocação do Pará. “Se você tem uma economia crescendo, você gera também novos negócios, novos empregos, esses salários movimentam a economia que cresce em outras áreas. Então você tem aqui um ciclo harmonioso. Na outra ponta, a gente está falando de uma agenda econômica no segundo semestre para o Pará que justifica esse nosso posicionamento singular em relação aos outros pares”, explica o analista.
Everson Costa, que atua na elaboração do relatório mensal que analisa dados oficiais do Novo Caged – instrumento de registro do Ministério do Trabalho, sobre os números de empregos no Brasil – destaca o Círio de Nazaré como um dos pontos de destaque neste semestre, uma vez que movimenta o turismo e a economia paraense como nenhum outro momento no ano. A demanda extra de visitantes na capital paraense durante o mês de outubro é tamanha que as companhias aéreas Azul e Gol incluíram 90 voos extras em sua programação.
Com origem em nove cidades das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, esses voos extras devem disponibilizar quase 16 mil assentos a mais no Aeroporto Júlio Cezar Ribeiro (Val-de-Cans) durante o período. Entre frequências adicionais e mudanças para equipamentos com maior capacidade, a estimativa é de que quase 401 mil viajantes embarquem e desembarquem nos 2.900 voos previstos para outubro no principal terminal aéreo do norte do país.
O analista do Dieese também destaca, na plataforma Belém Negócios, a visibilidade que o Estado ganha com a COP30, o que contribui com o avanço dos números da economia paraense. “Aliado a isso, a gente está falando de uma exposição e visibilidade internacional do Estado por conta da COP-30, que por sua vez já carrega uma demanda de obras, de grandes eventos, de muita movimentação que já está injetando na economia do Estado uma série de recursos. Isso nos coloca numa posição bem privilegiada, principalmente até o ano que vem, que é quando se realiza efetivamente o evento”, explica.
A colunista Ana Luísa Cintra lembra que o estado encerrou o primeiro semestre deste ano com o saldo positivo de 28.401 empregos formais gerados. A maioria dos postos de trabalho derivaram do setor de Serviços (13.858), sendo seguido pela Construção (8.361) e pelo setor do Comércio (4.916). No comparativo com o mesmo período de 2023, os números apontam para crescimento de 9% nas admissões mensais registradas no Pará apenas no primeiro semestre de 2024.
Sobre a pecuária, o Pará desponta como o segundo maior rebanho de bovinos do Brasil, conforme os dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) 2023, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Com um rebanho total de aproximadamente 25 milhões de cabeças de gado, o estado paraense fica apenas atrás de Mato Grosso, que possui 34 milhões de bovinos. No total, o Brasil conta com 238,6 milhões de bovinos”, lembra a colunista.
“Temos vários produtos de origem animal, vegetal e mineral que nos colocam numa condição de investimento e uma envergadura de ter mais aplicações a serem canalizados para o Estado. Hoje nós somos a décima maior economia do Brasil em se tratando de PIB. Temos aí um PIB que vai a mais de R$ 240 bilhões e temos uma perspectiva de ultrapassar a casa dos R$ 300 Bi justamente a partir de 2027”, comenta o analista Everson Costa.
Todos esses indicadores juntos, segundo ele, contribuem para que o Pará se torne uma referência no desenvolvimento econômico e abra as portas para os demais investimentos a serem realizados no Estado.
O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e contribui para a análise conjuntural da economia de cada região. É calculado a partir de dados dos setores da agropecuária, da indústria e dos serviços.