A poética do Círio de Nazaré, a maior festa católica do Brasil, norteia a exposição “Círio de Sensações”, que abre ao público neste sábado, 28, com visitação de terça a domingo, das 9h às 17h, no Museu do Círio, no bairro da Cidade Velha, em Belém. Ex-votos, objetos em cera, imagem de Nossa Senhora de Nazaré em cerâmica, além de momentos interativos com os frequentadores são algumas das ações e peças que poderão ser encontradas na montagem artística.
Com direção geral de VJ Lobo e codireção e curadoria da artista Melissa Barbery, o projeto apresenta uma exposição híbrida, combinando obras digitais e físicas, e inclui uma sala 360º com projeções de imagem em videomapping.
Os diferentes espaços do Museu se integram para criar ambientes que fascinam, com homenagens a ícones da festividade paraense, reproduzidos com animações, e outras obras de arte integradas à instalação. “Fizemos a primeira sala imersiva em 2022, contando a história do Círio. Agora, trazemos a exposição imersiva por meio de instalações cenográficas. Costumo dizer que o Círio acontece o ano inteiro, mas no mês de outubro ele ganha as ruas de Belém, e é nesse lugar que eu lanço o olhar para criar narrativas. E a melhor narrativa é o fazer diário social, artístico e o fazer espiritual do ser humano. Essas instalações trazem um olhar de pessoas que atravessam o Círio. Então é o lugar do sentimento de pertencimento”, explica o VJ Lobo.
“É um projeto muito importante por vários motivos. Primeiro porque eu sou muito devota de Nossa Senhora de Nazaré e acho que isso faz uma diferença muito grande na hora de fazer o projeto, que acaba sendo um diferencial ter afinidade com ele. A exposição é coletiva, ao mesmo tempo em que é pessoal e intimista e menos galerista. É a devoção à Nossa Senhora, com todo o conhecimento sociológico, antropológico e cultural que a gente tem da história do Círio”, define a artista Melissa Barbery, que realizou a codireção e curadoria da exposição.
Melissa Barbery complementa: “A segunda coisa é a gratidão ao Lobo e ao Marcel [o produtor Marcel Arede] de confiarem a ideia deles a mim, para criar uma direção de arte com a curadoria. É um grande trabalho coletivo, que juntou várias pessoas. Contou com a consultoria de pesquisa da antropóloga Mariana Ximenes, que é especialista em Círio, e pudemos trocar bastante e construir o trabalho”, afirma ela.
Desde do início da exposição, tem cocriação, que é a palavra que melhor define tudo, diz a curadora. “Cada um tem a sua independência com suas expertises e individualidades como profissionais, mas acabou que um influenciou o outro. Isso mostra que a gente precisa evoluir enquanto ser humano para entender que a entrega de um bom trabalho pode ser feita coletivamente. A cocriação é uma ferramenta poderosíssima para as artes e para a cultura”, conta Melissa, citando que o artista visual Victor Souza Lima fez o vídeo da sala imersiva, ela produziu a narração e Zezé Cacheado gravou o áudio.
Quando adentramos no espaço do Museu do Círio, o observador se depara com um corredor e um dos painéis na lateral é uma grande instalação de luzes em homenagem ao corredor do arraial. “A gente está trazendo essa referência dos nossos arraiais que acompanham as festas religiosas, em especial, nas pequenas cidades onde estão mais presentes ainda. O Círio está muito ligado com a festa, não só a expiação e aquela dureza de pagar uma promessa. Tem sorrisos, abraços e confraternização, por isso, é chamado por nós como Natal dos paraenses”, descreve Melissa Barbery.