Grande Belém

Belém vai ganhar novo parque dia 12

Espaço passou por uma cuidadosa obra de restauro e conservação, com investimento de cerca de R$ 16 milhões. Foto: David Alves/Agência Pará
Espaço passou por uma cuidadosa obra de restauro e conservação, com investimento de cerca de R$ 16 milhões. Foto: David Alves/Agência Pará

Após uma cuidadosa obra de restauro e reconstrução, o tradicional Cemitério da Soledade será entregue parcialmente no próximo dia 12 de janeiro, quando Belém completa 407 anos de fundação. De iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Seculto), em parceria com o Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação da Universidade Federal do Pará (Lacore/UFPA), as ações no local receberam um investimento estimado em R$ 16 milhões.
Desde agosto de 2021, o espaço recebe intervenções de restauro em toda a estrutura funerária, obras na parte hidráulica e elétrica, construção de calçamentos com acessibilidade, banheiros, área para administração, iluminação e paisagismo, além de uma nova entrada pela Travessa Dr. Moraes. A capela, o muro e o pórtico de entrada receberam pintura e revitalização. O Parque Cemitério Soledade será requalificado para abrigar um museu, ações culturais e de educação patrimonial, uma área expositiva na capela e informações expográficas.
O trabalho segue as normas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que aprovou o projeto inicial do arquiteto Paulo Chaves (1946-2021). Após a abertura parcial, as ações de restauração continuarão sendo feitas nos mausoléus.
Segundo a professora Thaís Sanjad, uma das coordenadoras do Lacore, restaurar um patrimônio cultural como o Cemitério da Soledade é manter viva a história da arquitetura mortuária. “Esse patrimônio refletiu a relação das pessoas com a nova forma de enterrar seus entes queridos em campos santos, frente à impossibilidade de continuar enterrando dentro das igrejas em função das epidemias do século XIX, associadas às medidas sanitaristas. É também manter viva a tradição de ser um lugar de culto, uma vez que este foi o uso predominante que permaneceu após o término dos enterramentos, e permitiu a sua permanência na cidade, resistindo assim aos diversos processos de transformação que ameaçavam a sua continuidade, inclusive alvo de especulações imobiliárias por sua localização privilegiada”, informou a arquiteta e urbanista.

Personalidades históricas foram enterradas no local

Aberto em 1850 com uma arquitetura mortuária inspirada no barroco, neoclássico e neogótico, o Cemitério Nossa Senhora da Soledade funcionou por apenas cinco anos, alcançando sua lotação máxima rapidamente devido às epidemias de febre amarela (1850) e cólera (1885). Mais de 30 mil pessoas foram enterradas no local, entre elas figuras simbólicas da história do Estado, como o capitão Manoel Barata, político, advogado e historiador paraense, e a “princesa” Cecília Augusta de Assis Chermont, filha do político Justo Leite Chermont.
O Cemitério abriga também os restos mortais do cônego Manuel José de Siqueira Mendes, sacerdote católico e político, nascido no município de Cametá, que dá nome à primeira rua da capital paraense; do general Hilário Maximiano Antunes Gurjão (General Gurjão), que lutou na Guerra do Paraguai e é patrono do Exército na Amazônia; de Antônio Gonçalves Nunes, barão de Igarapé-Miri, e outras personalidades.

ORGULHO
“O Cemitério da Soledade é um grande expoente da arquitetura mortuária do século XIX. Representa não apenas a renovação desse processo arquitetônico, mas também a expansão que a cidade vivenciava naquele momento, se afastando um pouco mais do rio. A revitalização e requalificação valorizam a arquitetura, o patrimônio, e garantem a preservação da memória da cidade. Por isso, o Parque Cemitério da Soledade estará abrindo as suas portas no aniversário de Belém, e será integrado à rota turística da capital. É uma grande satisfação entregarmos mais esse equipamento para Belém, e temos orgulho de trabalharmos na valorização do patrimônio da nossa cidade e da nossa região”, disse o titular da Secult, Bruno Chagas.