Uma pesquisa da Secretaria de Estado de Turismo (Setur) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) revelou que cerca 80 mil turistas estiveram em Belém no ano passado para participar do Círio de Nazaré, movimentando 150 milhões de reais na economia local. O dado evidencia um aumento de 33,5% em relação à quantidade de visitantes que a capital paraense recebeu no ano de 2022.
De acordo com o assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS/PA), Fernando Soares, Belém e Região Metropolitana possuem 77% de leitos reservados para o período do Círio e 65% já estão confirmados, que é quando o pagamento de parte ou do total da hospedagem já foi realizado, conforme o último levantamento feito na primeira semana deste mês.
Em Belém e Região Metropolitana, conforme o SHRBS/PA, ao todo são 22 mil leitos distribuídos em diferentes modalidades de hospedagem, como hotéis, hostels, pousadas, apart-hóteis e pensões. Ainda segundo Fernando Soares, a expectativa é que na primeira semana de outubro a quantidade de reservas chegue a 80%, taxa que deve aumentar para 100% de ocupação confirmada na semana do Círio, com a hospedagem abrangendo principalmente os dias de sexta-feira, sábado e domingo.
“O Círio sempre foi e vai ser o Natal para o setor. É um momento no qual muita gente consegue realizar o trabalho planejado por meses”, comenta Fernando Soares. Ele ainda ressalta que “apesar do momento econômico não propício ao setor, a exemplo dos preços maiores das passagens de avião, a expectativa são as melhores devido ao apelo do turismo religioso em nossa cidade”. O assessor jurídico observa ainda que “Nossa Senhora de Nazaré consegue atrair uma multidão de gente que contribui não somente para o setor da hotelaria, mas também para outros setores econômicos e culturais”.
Na Feira do Ver-O-Peso, um dos mais importantes cartões-postais de Belém, a expectativa é grande para receber os turistas e os trabalhadores por lá se preparam para o período do Círio. A erveira Iracilda Siqueira, 66 anos, está produzindo novos estoques de mercadorias para atender a clientela no mês de outubro, de essências a banhos. De acordo com a vendedora, grande parte dos clientes na época do Círio são turistas de outros estados, que compram bastante os perfumes, como “Passar no vestibular” ou “Prosperidade”, vendidos em vidrinhos custando 10 reais a unidade. “Ainda está um pouco parado o movimento, mas começa a melhorar já nesta reta final de setembro”, informa.
Quem também se prepara para um maior movimento e saída dos produtos em outubro é o artesão Roberto Borges, 59. Na barraca onde ele trabalha estão disponíveis brinquedos de miriti, desde barcos a animais, e também joias artesanais, como colares, brincos e pulseiras. Há 24 anos trabalhando como artesão, Roberto ressalta que os turistas compram bastante os brinquedos vindos do município de Abaetetuba e as joias no período das romarias do Círio, inclusive para presentear alguém em outra cidade. “O Círio é o Natal dos paraenses e é a época do ano que a gente mais fatura com o nosso artesanato aqui”, explica Roberto sobre a expectativa das vendas para este ano.
No Terminal Rodoviário de Belém, em São Brás, a expectativa do aumento na movimentação de turistas para o Círio é para, pelo menos, já a partir da primeira semana de outubro. De acordo com Adamor Silva, 40, atendente de uma mepresa de transporte, entre os destinos regionais de onde mais vêm passageiros estão Bragança, Cametá, Salinópolis, Altamira, Marabá e Parauapebas. “O movimento de procura pelas passagens para Belém ainda está tranquilo, mas fica intenso quando começa a sair o pagamento dos trabalhadores no final de setembro. Aí, sim, a gente já começa a respirar a demanda do Círio”, comenta o funcionário.