DEVOÇÃO

Expectativa e emoção para a romaria do Traslado

 Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Com a proximidade do Círio de Nazaré, devotos e devotas já sentem a atmosfera de celebração mariana na capital paraense. Um dos momentos mais esperados da festividade é a romaria do Traslado, quando a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré segue para Ananindeua até a Igreja Matriz, onde passa a noite da sexta-feira que antecede o Círio, sendo conduzida para Icoaraci na manhã do sábado seguinte para o Círio Fluvial.

Este ano, a romaria do Traslado será realizada no dia 11 de outubro, tradicionalmente na sexta-feira anterior ao Círio. A imagem da Santa é levada em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por 50 quilômetros, sendo a mais longa das 14 romarias que compõem a quadra nazarena, passando pelos municípios de Belém (de onde sai), Ananindeua e Marituba. O DIÁRIO percorreu algumas ruas de Ananindeua por onde passa o Traslado e ouviu diferentes histórias de devoção.

O vendedor Luiz Reginaldo, 61 anos, é devoto da Virgem de Nazaré desde a adolescência. Ele trabalha com a venda de refrigerantes e água em frente à Igreja Matriz de Ananindeua, local privilegiado para ver o Traslado chegar com a imagem. “Há duas décadas eu estou nesse lugar trabalhando e todos esses anos quando vejo o comboio chegar, a emoção é a mesma“, afirma.

“Na sexta-feira do Traslado essa área fica lotada de fiéis. É lindo demais presenciar o testemunho de tanta devoção assim”. Uma das bênçãos pedidas por ele e alcançada por meio da Virgem de Nazaré foi quando Luiz perdeu o ponto onde trabalha. “Eu não queria sair daqui porque gosto de onde trabalho. Eu pedi ajuda dela e estou aqui até hoje”, enfatiza o devoto que sempre pede bênçãos para o pequeno negócio.

Próximo da Paróquia Santa Maria Mãe de Deus, a cozinheira Regiane Brito, 45 anos, trabalha em um restaurante na avenida Cláudio Sanders, uma das vias onde a Santa é homenageada. Regiane é devota de Nossa Senhora de Nazaré desde os 12 anos de idade. Anualmente, ela vai visitar a imagem peregrina na sexta-feira do Traslado na Igreja Matriz. “Dá uma emoção só de falar dela. Eu me arrepio”.

Regiane brito, 45 anos.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Com uma fitinha de pedidos amarrada no pulso há três anos, Regiane se prepara todos os anos comprando camisas e cartazes do Círio para o mês de outubro. “Eu tenho uma imagem dela em casa e acompanho o Círio todo ano. Na sexta-feira do Traslado, é como se fosse o início da nossa celebração à Nossa Senhora”, reforça.

Devota há pelo menos quatro décadas, Semeranice Ferreira dos Santos, 81 anos, já aguarda ansiosa pela romaria do Traslado. Na porta de casa, a moradora da Cidade Nova 6 tem um cartaz do Círio. “Para nós a passagem dela por aqui é importante, porque muita gente tem limitações físicas e não consegue ir ver o Círio ou a Trasladação”, comenta a devota.

Semeranice Ferreira dos Santos, 81 anos, devota.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Na casa da dona Semeranice a devoção é algo que transpassou gerações, começando pelo pai dela. “Ele era católico e a fé do meu pai foi algo natural que passou para mim. Todo ano eu fico aqui na frente de casa esperando Ela passar. É um momento de respeito, carinho e homenagens”, comenta a devota emocionada. Uma bênção especial atribuída à Santa foi o trabalho do filho. “Sempre peço bênçãos para a minha família e sou atendida”, reforça.

“Desde que eu me entendo por gente, eu sou devota. Meu pai era católico e herdei dele a devoção”, afirma a autônoma Paula Fonseca, 45 anos, integrante da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, na Cidade Nova 4. Paula também é envolvida na organização das homenagens quando a imagem peregrina passa em frente à Paróquia, localizada na Travessa SN 03. “A sexta-feira do Traslado é como se fosse um Círio pra gente e reunimos toda a comunidade católica em torno desta importante celebração”.

A devota afirma que assistir a passagem da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas da Cidade Nova é “uma emoção indescritível”. Todo ano, Paula está envolvida na celebração que homenageia a Virgem de Nazaré, como forma de agradecer por poder presenciar mais uma edição do Círio e fazer parte da comunidade católica. “É um momento de agradecimento por mais um ano com vida e saúde. E claro que desde agora já estou aguardando pelo dia 11 de outubro”, comenta.