Cintia Magno
Núcleo inicial da cidade de Belém, o bairro da Cidade Velha é marcado pela convivência entre os prédios históricos e o conjunto de elementos contemporâneos que acompanham o desenvolvimento da capital paraense através dos anos. Ao mesmo tempo em que a região concentra edificações que datam do período colonial, ela abriga uma população cada vez mais jovem, segundo registra o próprio Censo do IBGE, mas, apesar do contraste, o aspecto antigo do bairro acaba se sobressaindo no imaginário da própria população.
Tal realidade despertou o interesse do arquiteto e morador do bairro Sidney Pery da Silva Costa Filho, autor da dissertação de mestrado “A Nova Cidade Velha: arquitetura e percepções no entorno do centro histórico de Belém, Pará’’, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU/ITEC), com orientação da professora Cybelle Salvador Miranda.
Através da pesquisa etnográfica, o jovem arquiteto coletou e analisou as percepções de moradores e frequentadores do bairro sobre o que ele identifica como essa ‘nova’ Cidade Velha, marcada por características contemporâneas e serviços como hotelaria, culinária e lazer. “A ideia surgiu por eu ser, primeiramente, morador do bairro há 18 anos. Então, isso começou desde o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso TCC), onde eu iniciei essa discussão que eu pude aprofundar no mestrado”, aponta.
“Realmente, quando se fala de Cidade Velha, a primeira coisa que vem na mente das pessoas é essa questão dos casarões e igrejas, é mais a questão do patrimônio mesmo, mas essa porção do bairro (às proximidades da Praça do Arsenal) também é Cidade Velha e muitas vezes as pessoas se esquecem disso e confundem essa região como sendo Jurunas pela proximidade com o bairro vizinho, então, acaba que essa parte da Cidade Velha acaba sendo invisibilizada”.
PORTAL
Entre os elementos que caracterizam essa ‘nova’ Cidade Velha, Sidney destaca o próprio Mangal das Garças e a parte inicial do Portal da Amazônia. “A Cidade Velha vem passando por grandes transformações desde o início dos anos 2000, com a inauguração do Complexo Feliz Lusitânia, que proporcionou uma nova vivência no bairro, deu uma revitalizada naquela região e, a partir daí, teve a atração de outros investimentos, de outros empreendimentos para o bairro, não para aquela região que a gente chama de patrimonial, mas para essa porção que até então era meio esquecida”, avalia.
“Um exemplo disso é o Mangal das Garças, por exemplo, que foi um empreendimento que causou uma transformação aqui na área e também o Portal da Amazônia, cuja porção inicial fica dentro da Cidade Velha. Tudo isso trouxe uma renovação para o bairro, fazendo com que ele não fique limitado somente ao histórico, então novos empreendimentos vêm surgindo nessa parte do bairro, a partir da instalação do Mangal das Garças, do Portal da Amazônia e do próprio Hotel que foi revitalizado. Apesar de o bairro ter o antigo no próprio nome, é um bairro que não se limita a isso. É um bairro jovem, segundo o censo do IBGE”.