Belém é a 7º capital em lentidão da internet

Cintia Magno

Ao ligar o computador e digitar um endereço na barra de pesquisa do navegador de preferência, a imagem que se segue é a de um círculo que gira, gira e gira por um período que parece interminável enquanto o site carrega. A experiência não é inédita para quem utiliza a internet com frequência na capital paraense. Belém está entre as dez capitais com a internet mais lenta do país, de acordo com levantamento realizado pela plataforma Minha Conexão, que realiza medições de velocidade de internet de forma gratuita.

No ranking com as 27 capitais montado pelo site, Belém aparece como a 7ª capital com a menor velocidade de internet, ficando atrás apenas de Salvador, Maceió, João Pessoa, Recife, Rio de Janeiro e Aracajú. Considerando apenas a Região Norte, a capital paraense tem a internet mais lenta. Ainda de acordo com a plataforma, a velocidade média da internet em Belém é de 119.89 Mbps, taxa bem menor do que os 258.81 Mbps de velocidade registrados na capital brasileira com a internet mais veloz, Cuiabá.

Na prática, o que esses números registram é a quantidade de dados que é transmitida, por segundo, na rede. O professor da área de tecnologia da informação do Instituto Federal do Pará (IFPA), Paulo Pontes, explica que a exemplo de um carro, em que se mede a velocidade em quilômetros (Km), na internet a unidade de medida utilizada é o megabit por segundo (Mbps), que é a quantidade de dados que vai passar por segundo na rede.

“Ou seja, quanto mais Mbps você tiver, maior será a sua velocidade de internet. Então, se a pessoa tem 10 Mbps contratado na sua operadora e você muda para 100 Mbps, você vai ter 10 vezes mais velocidade do que você tinha antes”.

O professor explica, ainda, que há diferença entre a velocidade de conexão e a velocidade de download, termo que caracteriza a situação em que o usuário vai baixar alguma coisa da internet, ou seja, é a taxa de dados que é transferida da internet para o computador ou para o celular. “Se a pessoa quer baixar uma foto, por exemplo, a velocidade de download está relacionada a quanto tempo esse arquivo vai baixar, o que também está muito ligado à quantidade de internet que o indivíduo dispõe”.

Independente de estar relacionada à conexão ou à taxa de download, o que vai determinar se a velocidade de internet é boa ou não é a necessidade do usuário. A utilização de internet de uma pessoa não é necessariamente a mesma da outra, então, a velocidade de internet que um ou outro usuário necessita não é igual, mesmo que morem na mesma cidade ou bairro.

“Em uma casa, por exemplo, a maior ou menor velocidade de conexão vai depender da quantidade de pessoas que estão utilizando a rede, da quantidade de aparelhos que utilizam a internet, do objetivo para o qual essa internet está sendo utilizada”, explica. “Então, se você utiliza muito para jogos, para ver filmes e seriados ou para fazer downloads, você vai precisar de mais internet. Agora, se a pessoa utiliza só para fazer um trabalho simples, se ela só navega um pouco na internet, então ela não precisa de uma internet tão rápida”.

Na prática, essa velocidade vai ser sentida no tempo de espera para carregar um site, por exemplo, ou no tempo que demora para concluir o download de algum arquivo da internet. “A pessoa percebe essa lentidão na internet quando está navegando e percebe que está demorando muito para abrir a página, ou quando a pessoa vai assistir um filme e a imagem fica um pouco embaçada porque quando a internet está suportando bem aquela demanda, a qualidade da imagem melhora”.

Problema pode trazer prejuízos ao trabalho

Ainda que se observe uma diferença prática entre a velocidade média de internet nas diferentes capitais, estados e até mesmo entre países, o professor Paulo Pontes explica que os equipamentos utilizados, em si, são os mesmos. O que pode ocasionar alguma diferença é a infraestrutura disponibilizada por cada serviço.

“Têm empresas que investem em equipamentos de primeira linha na sua infraestrutura e outras em equipamentos que não são de primeira linha, então, isso acaba gerando uma perda de velocidade, mas os equipamentos em si são os mesmos”, aponta. “Talvez, o que acontece nos outros países é que justamente exista uma preocupação maior de que na fibra óptica, que é o meio de transporte mais rápido para velocidade de conexão, ele chegue de ponta a ponta, ou seja, do provedor até a casa do cliente”.

Na tentativa de solucionar as dificuldades com a velocidade da internet no seu escritório, o contador Augusto Fonseca conta que já mudou de provedor de internet por cinco vezes. Normalmente, o que acontece é uma melhoria imediata na conexão, mas que piora com o tempo, fazendo com que os mesmos problemas voltem.

“No começo o serviço é ótimo, mas depois que passa um tempo piora. Você entra em um site e ele fica lá carregando, carregando, carregando. Muda de computador, usando a mesma internet, mas continua a mesma coisa. Eu trabalho com muito banco de dados, com muita imagem, são arquivos pesados que eu preciso o tempo todo manusear, então, preciso de uma velocidade maior de internet”.