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Elas são donas de seus próprios negócios

Foram quase 500 profissionais do ramo formalizados por dia como MEI no ano passado
Foram quase 500 profissionais do ramo formalizados por dia como MEI no ano passado

Cintia Magno

Das 20,6 milhões de empresas ativas no Brasil, cerca de 40,5% têm mulheres como donas ou sócias majoritárias. O percentual representa um montante de 8,4 milhões de empresas cuja participação feminina é destaque. Os dados, revelados pela pesquisa Perfil da Empreendedora Brasileira, realizada pela Serasa Experian em novembro de 2022, apontam o fortalecimento do chamado empreendedorismo feminino e do empoderamento que ele proporciona para as mulheres que se tornam donas de seus próprios negócios.

Diretora de PME da Serasa Experian, Stephanie Allamandi destaca que o empreendedorismo feminino é um conceito usado para denominar o movimento feminino que engloba negócios idealizados e ordenados por uma ou mais mulheres. “Em um sentido mais amplo, pode ser entendido como a iniciativa dessas empresárias em comandar, de maneira direta, determinado empreendimento, seja ele pequeno, médio ou grande”, aponta.

“Então, com uma postura mais feminina, mas, ao mesmo tempo, inovadora e corajosa, essas empreendedoras vêm aumentando o número de mulheres no gerenciamento e controle de muitas companhias. Isso contribui para que essas cidadãs sejam respeitadas e valorizadas, dando voz e vez à sua marca”.

Stephanie pontua, ainda, que a necessidade de ter uma fonte de renda, adicional ou principal, é um dos motivos principais que levam as mulheres brasileiras a seguirem o caminho do empreendedorismo. “Por isso, é importante estimular para que, cada vez mais, as mulheres possam ocupar estes espaços, garantindo que elas possam ter emprego, aumentem seus rendimentos, tenham sustentabilidade no mercado e, sobretudo, sejam independentes e protagonistas de suas vidas”, considera.

“Isso também traz benefícios para a economia, pois impacta positivamente o PIB e, para a sociedade, reforça o aumento na diversidade de gênero e traz pontos de vistas diferentes para os setores. Quando a mulher empreende, torna-se dona da sua própria história e, assim, tem mais chance de acabar com ciclos de discriminação e violência que possam sofrer”.

Serviços de higiene e embelezamento pessoal e comércio de confecções em geral estão no ranking do empreendedorismo feminino FOTO: MARCO SANTOS/arquivo

PESQUISA

Ainda de acordo com a pesquisa Perfil da Empreendedora Brasileira, do total de empresas registradas no Brasil, 84,7% possuem uma única sócia, enquanto no universo masculino esse percentual é menor, de 77,4%. Elas começam a empreender mais cedo que os homens, sendo 36,3% com idades entre 20 e 39 anos. Outro dado levantado pela pesquisa aponta que empresas com até 2 anos de atuação são majoritariamente dirigidas por mulheres (17,2%), sendo que as dirigidas por homens ficam em 14,2%. A maior taxa de representação feminina ocorre na faixa de 3 a 5 anos de existência, com 28,8% para elas e 25,3% para eles.

“Quando o assunto é crédito, cerca de 70,0% delas têm score pessoa física acima de 500, ou seja, menores as chances de inadimplência e maior a possibilidade de conseguir um empréstimo, cartão de crédito, financiamento ou crediário, por exemplo. Quando olhamos o score pessoa jurídica, a situação é inversa: 79,7% delas têm o score pessoa jurídica abaixo de 400”.

É necessário investir na saúde financeira das empresas

Diante desse e outros indicadores, Stephanie Allamandi destaca a necessidade de se investir na saúde financeira das empresas para fortalecer o empreendedorismo e o protagonismo das mulheres à frente de seus próprios negócios. “Cerca de 29% dos negócios não sobrevivem mais que cinco anos no Brasil e o pilar essencial para reverter essa realidade é investir na saúde financeira. Isso significa dar mais acesso à informação, linhas de crédito e, principalmente, educação para um desenvolvimento sustentável”, aponta a diretora de PME da Serasa Experian.

“Especificamente sobre a presença feminina no setor, é imprescindível que possamos fomentar a capacitação para que cada vez mais mulheres tenham a oportunidade de se preparar para ocuparem esses lugares”.

perfil

lRANKING

10 principais setores que aparecem com maior frequência para elas

1. Comércio de confecções em geral – 10,7%

2. Serviços de higiene e embelezamento pessoal – 10,5%

3. Serviços de alimentação – 10%

4. Comércio varejista de gêneros alimentícios – 4,7%

5. Serviços de propaganda e publicidade – 2,9%

6. Comércio – 2,7%

7. Curso preparatório e de especialização – 2,4%

8. Serviços de mão de obra especializada – 2,4%

9. Serviços – 2,1%

10. Indústria de confecção em geral – 2,1%

REGIÕES

Rankings de regiões que mais concentram negócios cujas sócias principais são mulheres

1º – Sudeste: 51,1%

2º – Nordeste: 17,9%

3º – Sul: 17,4%

4º – Centro-Oeste: 9,1%

5º – Norte: 4,4%

Fonte: Perfil da Empreendedora Brasileira – Serasa Experian – novembro de 2022