Enfim, um herói de verdade
“Foi difícil desde o dia que eu fui marchar na rua pela primeira vez e fui xingado, e falei para o meu pai que havia decidido ser marchador. E ali eu larguei para esse dia. São quatro Olimpíadas. Terminei carregado em uma cadeira de rodas em 2012. E agora sou medalhista olímpico. Esse momento é eterno. Tem que ter muita coragem para viver de marcha atlética. Mas valeu a pena pagar o preço. Hoje eu pude falar para os meus pais ‘nós somos medalhistas olímpicos’”.
Palavras fortes e honestas de um campeão valente, que venceu obstáculos até mais difíceis do que a prova olímpica de ontem. Caio Bonfim conquistou a medalha de prata histórica nas Olimpíadas correndo na marcha atlética de 20km. Ficou em 2º lugar e se tornou o primeiro atleta brasileiro a alcançar o pódio na modalidade.
Nascido em Sobradinho (DF), há 33 anos, Caio percorreu a prova em 1h19m09 – atrás do equatoriano Brian Daniel Pintado (1h18m55), que levou o ouro. O bronze ficou com o espanhol Álvaro Martín (1h19m11).
Ao final da prova, o brasileiro apontou um certo favorecimento dos árbitros ao aplicar punições para os atletas nascidos na América do Sul. Na marcha atlética, em caso de um atleta erguer os dois pés ao mesmo tempo, será advertido; em caso de três punições, precisa ficar parado por 2 minutos, o que pode custar um grande número de posições.
No afunilamento da corrida, o brasiliense tomou sua segunda punição. Receoso de perder mais posições, preferiu não apertar o passo para tentar alcançar o equatoriano Brian Pintado, o líder da prova.
“Eu brinco que o Brasil tem dois esportes. Um é o futebol e o outro é ‘o que está ganhando’. Se você quer aparecer, tem que estar nesse outro que está ganhando. Eu sempre sofri com o preconceito. Você vê que, na câmera de chamada, eles chamam cinco atletas, quatro são europeus. Querem uma prova europeia. E aí tem dois sul-americanos liderando a prova, algum deles tinha que tomar a punição”, comentou.
A conquista lhe renderá um prêmio de R$ 210 mil, concedido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que pagará esta quantia aos atletas que conseguirem a prata nas provas individuais em Paris. Quem ganhar o ouro fica com R$ 350 mil. O bronze será premiado com R$ 140 mil.
Vitórias como a de Caio adquirem um sabor especial pelo grau de dificuldade natural que cerca a modalidade. Alvo de preconceitos pelo jeito peculiar da caminhada, a marcha atlética exige fibra, estoicismo e uma capacidade mental à prova de todo tipo de pancadas.
As Olimpíadas têm sido marcadas por momentos emocionantes, vitórias de superação e grande esforço pessoal. Há também espaço para o marketing excessivo de algumas modalidades.
Mas, em meio a tudo, o esporte triunfa e elege um campeão de verdade, como Caio Bonfim, um legítimo herói brasileiro. Sem oba-oba.
Dupla titular volta para arrumar a zaga do Papão
Nos dois últimos jogos, o PSC sofreu quatro gols e marcou um. Duas derrotas consecutivas. É o pior momento da equipe na competição. Antes dessa súbita queda, o time esteve a poucos pontos do G4. Parecia inevitável que alcançasse o pelotão de cima.
De repente, duas partidas fora da curva frustraram a expectativa de evolução. O jogo com o Brusque foi o primeiro sinal de que algo ia mal. O PSC teve pela frente um dos piores times do campeonato e, ainda assim, mostrou insegurança defensiva e pouca agressividade no ataque.
Tudo bem que a partida teve algumas particularidades, como o pênalti discutível logo aos 8 minutos, que provocou a expulsão do zagueiro Lucas Maia. O PSC ainda perdeu Nicolas, por lesão, e não teve capacidade de reação para buscar pelo menos o empate.
No jogo seguinte, em casa, contra o Grêmio Novorizontino, mostrou um cenário ainda mais preocupante. Reforçado pela presença de Nicolas e de João Vieira, o time foi pressionado o tempo todo, até saiu na frente, mas depois sucumbiu ao melhor futebol do visitante.
Os gols sofridos pela equipe evidenciaram falhas graves de combate e cobertura na última linha. Com Wanderson e Carlão, o setor permitiu espaços para que o Novorizontino pudesse manobrar à vontade. No primeiro gol, Wanderson perdeu um duelo direto e foi obrigado a cometer pênalti.
Nos dois gols do final da partida, os zagueiros foram recuando e esqueceram de bloquear o avanço dos atacantes. Resultado: dois chutes de fora da área, disparados com tranquilidade e sem marcação.
Contra o Vila Nova, na segunda-feira (5), a dupla titular Quintana-Lucas Maia voltará a atuar, fazendo crer que a defesa terá finalmente segurança e condições de resistir ao ataque do 4º colocado na Série B.
Nem a torcida mais feliz do país atura derrotas em série
O Palmeiras é nos últimos o time mais vitorioso do país. Disputou finais de Campeonato Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil, vencendo a maioria das decisões. Nem isso segurou a ira da torcida, que ontem resolveu bater na porta do clube para cobrar resultados e protestar contra o quase intocável técnico Abel Ferreira.
O estopim foi a sequência de tropeços. Foram três derrotas no Brasileiro – Vitória, Fluminense e Botafogo – e uma na Copa do Brasil, para o Flamengo. Mal acostumados, os palmeirenses se aborreceram com a situação. O protesto foi civilizado, mas mostrou que o amor acabou.
Não houve invasão ou agressão. Um grupo de integrantes da maior torcida organizada do clube ficou em frente ao portão da Academia de Futebol, por onde passam os carros dos jogadores e da comissão técnica.
A fim de evitar contato dos torcedores com os atletas ou com Abel Ferreira, o Palmeiras montou um esquema de segurança e ameaçou chamar a Polícia, mas pode ficar pior. Nas próximas semanas, o time terá a segunda partida contra o Flamengo pela Copa do Brasil e encara um novo mata-mata na Libertadores, contra o Botafogo.