Grande Belém

Belém está há 18 dias sem chuvas

 A sombrinha tem sido uma companheira inseparável no calor Foto: Mauro Ângelo
A sombrinha tem sido uma companheira inseparável no calor Foto: Mauro Ângelo

Rafael Rocha

Reclamação unânime entre a população, uma forte onda de calor tem sido sentida em Belém nos últimos dias em diferentes horários, incluindo o período da noite. De acordo com Adriroseo Raimundo Alves dos Santos, coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Amazônia, a cidade está há 18 dias sem ocorrência de chuvas, o que contribui para o calor.

As temperaturas podem, inclusive, chegar aos 34º com sensação térmica de 40º neste mês de julho. Um dos dias mais quentes do mês foi registrado no último dia 16, com temperatura marcando 35,6º. “No verão amazônico, para o mês de julho é esperado um volume de chuva total de 156 mm, mas até o momento choveu 32,9 mm de chuva. Ainda falta chover 79% do ideal para atingirmos o volume pluviométrico normal previsto”, comenta Adriroseo.

Ainda segundo ele, as mudanças climáticas mundiais têm influência direta no Brasil e na nossa região e que 75% do clima tem interferência das águas oceânicas. Dois eventos fundamentais são o El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial; e a La Niña, que provoca o resfriamento do mesmo. “O El Niño passou, mas está em processo de neutralidade para a La Niña, o que vai influenciar nas chuvas da região Norte e seca no Sul brasileiro”.

Com a neutralidade do El Niño para a La Niña, há previsão de frente fria a partir de setembro no Brasil, o que vai empurrar o ar quente e seco do centro do país. De acordo com o pesquisador, a expectativa é que em agosto haja estabilidade no clima, resultando em chuvas em Belém e Região Metropolitana, previstas para o início desse mês.

Quem sentiu na pele o calor na tarde de ontem (23), em Belém, foi a operadora de caixa Silvia Barros, 44 anos. Esperando um ônibus na sombra de um poste para tentar se proteger do sol, Silvia procura beber bastante água, usar sombrinha e protetor solar. “Ontem (22) estava insuportável. Hoje também está muito quente. A gente sai do trabalho e vai esperar um ônibus pra voltar pra casa e sente essa sensação horrível. É um sol pra cada pessoa”.

A ajudante de cozinha Fátima Gomes, 41, afirma que neste mês não tem conseguido dormir direito à noite, devido ao calor sentido em casa. “Não tenho como colocar ar-condicionado na minha residência, porque vai pesar muito na conta de energia e prejudicar o meu orçamento mensal. Mas não dispenso meu ventilador. Sem ele, não tem como dormir esses dias”, explica Fátima.

O coordenador do Inmet Amazônia, Adriroseo Raimundo Alves dos Santos, recomenda que os cuidados devem ser redobrados, como beber muita água, dar preferência a roupas claras e sempre que possível andar em locais sombreados. “Devemos ficar atentos para encarar o calor intenso e a falta de chuvas neste momento tão quente em nossa cidade”, alerta o coordenador.

VENDAS

  • Se está tão quente, nada melhor do que tomar água. É assim que o vendedor ambulante Eloi Santos, 54, busca aumentar a renda. No ponto de trabalho dele, localizado em uma parada de ônibus na avenida Almirante Barroso, entre as travessas Humaitá e Chaco, as garrafas de água custam R$ 2,00 e R$ 3,00, com tamanho de 330 ml e 500 ml, respectivamente. O vendedor afirma que as vendas subiram bastante neste julho. “A parada de ônibus fica cheia de gente e as pessoas aproveitam para comprar muita água, principalmente agora de tarde, quando está insuportável a quentura do calor”.
  • Quem também está faturando um extra e aproveitando a época é o empreendedor Roberto Lobato, 38, proprietário de um ponto com diferentes produtos à venda na travessa Vileta, entre as avenidas Almirante Barroso e João Paulo II. Um dos itens tem chamado a atenção pela grande saída: a sombrinha. Vendida no local com preços entre R$ 18 a R$ 25, o item tem sido um dos destaques para se proteger do sol e minimizar o calor. “Em média, em torno de 15 sombrinhas são vendidas por dia agora em julho. Os clientes compram para se proteger e se queixam bastante da temperatura nas ruas”.