Localizadas no meio do canteiro central da Avenida Almirante Barroso e da Avenida Augusto Montenegro, algumas estações do BRT passaram a ser um convite ao risco de atravessar as duas vias.
Na manhã da última terça (16), um ônibus atropelou uma idosa, após ela tentar atravessar a pista expressa do BRT na Almirante Barroso, no cruzamento com a Travessa Humaitá, no bairro do Marco, em Belém. O trecho é marcado por vários acidentes graves.
Segundo as informações, a vítima estaria atravessando na faixa de pedestre quando foi atingida pelo coletivo que trafegava na pista do BRT, no sentido Belém – Ananindeua. Com o impacto, a vítima de 74 anos faleceu. A linha do veículo era Distrito Industrial Pátio Belém e, por não ser expressa, não podia trafegar na faixa exclusiva.
A equipe do DIÁRIO percorreu nesta quarta-feira (17), todo o corredor expresso das duas avenidas e flagrou não só pedestres arriscando a travessia fora das faixas, como condutores comuns utilizando o corredor exclusivo dos ônibus expressos.
Na avenida Almirante Barroso com a Humaitá, foram flagrados motociclistas em conversões irregulares, motoristas na pista exclusiva do BRT e condutores avançando nas faixas de pedestres. No local, não havia guardas de trânsito. Além disso, não há semáforo com temporizador para pedestres, fazendo com que os transeuntes fiquem encurralados entre as duas pistas expressas para atravessar.
INSEGURANÇA
A aposentada Belmira Monteiro, de 72 anos, diz que a sensação de insegurança não se restringe somente a quem circula de transporte público na Região Metropolitana de Belém (RMB). Para os que precisam atravessar a pista do sistema de ônibus rápido, o medo é grande.
“Sempre que preciso atravessar nessa faixa de pedestres tenho muita atenção. Mas, mesmo assim, os condutores não respeitam, a falta de empatia é ainda maior com os idosos”, disse.
Mesmo quando as faixas de travessia de pedestres são semaforizadas com foco para pedestres, a situação não muda muito. Quem está a pé já sabe que vai esperar muito e ter pouquíssimo tempo para concluir o trajeto.
TESTEMUNHA
O comerciante Renato Gomes, de 54 anos, conta que viu o momento do acidente em frente à sua venda. “Estou nesse ponto há mais de 40 anos. O acidente aconteceu aqui na faixa, na minha frente. Infelizmente, nesse perímetro, é muito comum acontecer casos como esse. Os condutores não respeitam as faixas do BRT”, diz.
Mais à frente, no trecho do BRT que dá para a Travessa Lomas Valentinas, alguns motociclistas se arriscam entre as duas pistas expressas à espera do semáforo fechar. Alguns aguardavam o sinal abrir mexendo no telefone.
Já na faixa expressa ao longo da Avenida Augusto Montenegro, as situações se repetiram. Em frente a uma loja de importados, condutores de motos e carros usavam a faixa exclusiva do BRT em alta velocidade.
O QUE DIZ A SEMOB
Em nota, “a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que a avenida Almirante Barroso conta com fiscalização de radar e em pontos fixos nos cruzamentos e com rondas feitas por agentes da Semob em viaturas para coibir infrações e imprudências, na referida avenida e também na avenida Augusto Montenegro, que além disso, ainda é fiscalizada por câmeras de videmonitoramento. Mediante flagrante, aplicam autuações, em conformidade com Código de Trânsito Brasileiro (CTB)”.
O texto pontua ainda que “a via expressa do BRT é sinalizada com placas alertando pedestres e ciclistas sobre a proibição e o risco de transitar na canaleta do BRT”. A Semob informa ainda que “não se permite outros veículos trafegarem na via expressa do BRT, a não ser os ônibus articulados, troncais e convencionais que fazem a linha expressa, que era o caso do ônibus envolvido no atropelamento de idosa.
A excepcionalidade é dada aos veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, de fiscalização e operação de trânsito e às ambulâncias. A infração é gravíssima cuja penalidade é multa de R$ 293,47 e 7 pontos na carteira e apreensão do veículo”.
O QUE DIZ A PC
Também em nota, “A Polícia Civil informa que o motorista do ônibus se apresentou espontaneamente na delegacia do Marco e, por esse motivo, não houve prisão, conforme determina o Código Brasileiro de Trânsito. Testemunhas são ouvidas e perícias foram solicitadas para auxiliar as investigações”.