Dr. Responde

Evento destaca a importância do leite materno na saúde

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará realizou nesta terça-feira (21) o V Fórum de Doação de Leite Humano, com o tema “Amor em cada gota doada, vida em cada gota recebida”.. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará realizou nesta terça-feira (21) o V Fórum de Doação de Leite Humano, com o tema “Amor em cada gota doada, vida em cada gota recebida”.. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Irlaine Nóbrega

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará realizou nesta terça-feira (21) o V Fórum de Doação de Leite Humano, com o tema “Amor em cada gota doada, vida em cada gota recebida”. O evento faz parte da programação da 11a Semana Estadual de Doação de Leite Materno, que faz parte das celebrações do Dia Mundial da Doação de Leite Humano, comemorada no último domingo (19).
Durante a programação, as doadoras de leite humano foram homenageadas, juntamente com as ONG’s parceiras que defendem a amamentação e doação de leite materno. Além disso, o debate contou com a presença de representantes do Comitê de Aleitamento Materno, Banco de Leite Humano, Projeto Bombeiros da Vida e Missão Humanitária de Coleta e Doação de Leite Humano, entre outros parceiros.
No momento das homenagens, a coordenadora estadual de Saúde da Criança da Sespa, Ana Cristina Guzzo, enfatizou que o aleitamento é um direito da mãe e da criança e, por isso, a doação é um ato de solidariedade que garante a cidadania de forma sensível. “Tendo crianças dentro de unidades neonatal, a gente precisa que elas sejam alimentadas o mais precocemente possível. A doação de leite vem garantir os anticorpos para proteger esse bebê em um hospital que os riscos de infecção estão por todo o lado. É o melhor alimento e de fácil digestão”, afirmou.
A Semana Estadual de Doação de Leite Materno foi instituída pela Lei nº 7.718/2013 como forma de fomentar a importância da amamentação exclusiva até o sexto mês de vida, da doação de frascos de armazenamento do líquido e do excedente de leite produzido por lactantes, quantitativo responsável por abastecer os estoques de leite humano dos Bancos de Leite para atender a dieta de recém-nascidos em risco clínico, sejam prematuros ou lactentes.
“A relevância das doadoras de leite materno é inestimável porque elas fazem o papel da mãe, quando essas não se encontram em condições de atender a dieta do seu filho. São elas que entram com esse leite, que precisa estar em conformidade para atender a dieta dos bebês de risco. Os benefícios são inúmeros e é um leite homólogo a idade do bebê. No estoque, nós vamos observar e avaliar qual vai ser o leite da doadora que se encaixa para atender a dieta dessa criança”, esclareceu a coordenadora do Banco de Leite da Santa Casa, Cynara Souza.
O leite materno é o encarregado pela segurança alimentar e nutricional nos primeiros meses de vida, o que contribui para a manutenção da saúde dos bebês. “O leite humano é o alimento mais completo e mais fisiológico que o bebê vai receber, além de trazer benefícios de imunização, os aspectos psicológicos, como a criação do vínculo entre mãe e bebê, e a questão da sustentabilidade. São mais de 250 elementos que constituem o leite materno e beneficiam não só a saúde do bebê como a da mamãe”, afirma Cynara Souza.
Em abril deste ano, 221 doadoras de leite materno estavam cadastradas na Santa Casa de Misericórdia do Pará. Nesse mesmo mês, mais de 332 mil ml de leite humano foram coletados para atender 181 bebês. Nos quatro primeiros meses do ano foram 1.072,6 ml coletados. Para doar basta que a pessoa interessada entre em contato, de segunda a sexta, de 7h às 19h, em um dos telefones: 3251-7475 ou 3251-7311. A solicitação também pode ser feita através do site da Santa Casa ou do Corpo de Bombeiros Militar do Pará.
“A Santa Casa através dos Bombeiros da Vida faz essa coleta de leite humano, em domicílio. Se tiver mais de cinco frascos, os bombeiros também recolhem a domicílio, local de trabalho ou onde for indicado para que se busque esses frascos. É o descarte adequado desse tipo de material”, finaliza a coordenadora estadual do Banco de Leite.
DOADORAS
Homenageadas na manhã de ontem (21), as doadoras foram reconhecidas como o papel essencial para o cuidado com a saúde dos bebês. Uma delas foi Arielly Assunção, 39, que doa o leite materno desde a concepção do primeiro filho, um período total de 3 anos e quatro meses. A doação do alimento foi a forma que encontrou de dar aporte a mães e bebês prematuros, considerados mais frágeis e vulneráveis, já que o leite auxilia no desenvolvimento pleno das crianças.
“O leite materno é como aquela gotinha de vida que faz os bebês continuarem vivendo plenamente. A doação de leite, mesmo que pareça pouca coisa com um potinho por semana, pode salvar dez vidas. A gente sabe que existe uma infraestrutura na Santa Casa, existem os equipamentos e todos os médicos e demais profissionais e o leite materno entra para somar com isso”, contou a engenheira mecânica.
O reconhecimento dos desafios do aleitamento materno foi o que motivou Tassiana Scotta, 37, a doar durante a amamentação das filhas. Com o nascimento da primeira menina, ela enfrentou dificuldades para alimentar a criança e teve que contar com o apoio de profissionais que a auxiliaram e a estimularam para que insistisse na amamentação. A recomendação fez com que a bebê ganhasse peso e a mãe produzisse leite excedente para ajudar outras crianças.
“É uma sensação gratificante. Assim como eu sou mãe, eu imagino que as mães que têm seus bebês na UTI, que por algum motivo não podem amamentar, se preocupam com a alimentação dos seus filhos com o leite materno. É uma responsabilidade de mãe, a gente sente que pode ajudar. Já que tenho um pouco mais de leite, ao invés de desperdiçar, eu tô ajudando outras vidas e outras famílias porque a recuperação dos recém-nascidos é mais rápido com o aleitamento materno”, relata a fisioterapeuta.