Irlaine Nóbrega
Presente em 190 países, o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho é considerado a maior rede humanitária do mundo. Formada por voluntários, tem a missão de proteger a vida e resguardar a dignidade humana, especialmente durante crises humanitárias. Hoje (08) é o Dia Internacional da Cruz Vermelha, que homenageia a importância da atuação assistencial.
No Pará, a associação civil foi inaugurada em 1981, devido a necessidade de atenção aos romeiros durante o Círio de Nazaré. Atualmente, a Cruz Vermelha é dividida em departamentos que atuam em prol das populações em situação de vulnerabilidade, nas incidências de enchentes no interior do estado e, tradicionalmente, durante o evento religioso.
Com 43 anos de atuação, o vice-presidente da Cruz Vermelha Brasileira no Pará, Abel Aguiar, tem várias histórias de incidentes, desastres e imprevistos atendidos pela cooperação voluntária. Uma delas ocorreu durante o Círio, quando uma gestante começou a sentir as dores do parto durante a procissão, no domingo de manhã.
“Durante a procissão tivemos que fazer um parto de uma gestante no meio do povo, na avenida Nazaré. Não tinha outra maneira de fazer, o bebê já estava coroando, tivemos que encostar em um canto, os voluntários isolaram a área e a criança nasceu. De lá, a ambulância levou o bebê até o hospital para fazer outros procedimentos”, contou o voluntário.
Porém, a memória mais marcante foi o desabamento de um prédio na capital paraense, logo nos primeiros anos de atuação da Cruz Vermelha no Pará. Em 1987, a queda do edifício em construção Raimundo Farias, localizado próximo a avenida Visconde de Souza Franco, matou 39 pessoas, sendo 38 operários e uma criança. O prédio contava com 15 andares e desabou no fim da tarde.
“Na nossa ação, um morador ficou tão comovido com o nosso atendimento que ele se voluntariou na Cruz Vermelha. Hoje ele é nosso voluntário efetivo e faz parte da Gestão de Riscos e Desastres. Outro marco importante foi quando nós fomos chamados para prestar ajuda na Guerra das Malvinas, apesar de não ter sido necessário a nossa participação”.
As memórias também sublinham a passagem do voluntário Junior Corrêa, que faz parte da Cruz Vermelha desde os 16 anos. “Vi o pessoal treinando para o Círio e senti interesse em participar, mas eu tinha quinze anos. Quando fiz aniversário, fui logo procurar pelo curso. Passei dois anos como voluntário temporário do Círio e depois fiz o curso de efetivos”, contou.
O integrante considera que a descoberta de uma nova área de atuação foi o marco mais importante durante os 12 anos de voluntariado. “Em 2019, eu comecei a tomar outro rumo e me aproximar da área da comunicação. Foi uma das coisas mais gratificantes durante esses anos porque eu vejo meu trabalho sendo valorizado e reconhecido. Isso paga muito mais do que qualquer valor que a gente possa receber”, afirmou o coordenador de comunicação da CVB no Pará.