Grande Belém

Belém tem crescimento nos casos confirmados de dengue

Rômulo Teixeira. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Rômulo Teixeira. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Luiz Flávio

O Pará registrou 1.357 casos de dengue nos dois primeiros meses deste ano (janeiro e fevereiro), contra 2.146 casos registrados no mesmo período do ano passado, o que representa uma redução na ordem de 37%. Ano passado não houve nenhuma vítima fatal da doença, contra duas mortes registrada este ano, segundo dados epidemiológicos emitidos pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Os municípios que apresentam mais casos este ano são Monte Alegre (401 casos), Belém (283 casos), Anapu (179 casos), Parauapebas (123 casos) e Cametá (118 casos).

Mas o número de casos vem crescendo: até a última terça-feira , 19 de março, Belém havia notificado 1.174 casos de dengue, sendo 503 confirmados, 297 descartados e 363 seguem em análise. Os bairros com maior registro de casos são Guamá (74), Cremação (40) e Pedreira (32). O próximo Boletim Epidemiológico com dados atualizado de casos confirmados da doença – incluindo o mês de março – deve ser divulgado nesta segunda-feira ( 25) pela Sespa. Os 503 casos já confirmados na capital este ano superam todos os casos registrados no mesmo período do ano passado, que chegaram a 402.

A segunda morte por dengue na capital foi divulgada essa semana pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) ocorreu no último dia 6. Trata-se de uma mulher de 21 anos de idade, moradora do bairro Reduto. A vítima começou a manifestar sintomas da doença em 26 de fevereiro. O caso estava sob investigação epidemiológica, realizada pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen/PA) e teve a confirmação no último fim de semana. Não há outra morte causada pela dengue sendo investigada em Belém segundo a Sesma. O primeiro caso de morte por dengue grave no estado do Pará ocorreu no município de Monte Alegre, região oeste, dia 9 de fevereiro após o agravamento do quadro clinico de Josionilson Baia Albarado, de 50 anos.

Se os números permanecerem nos patamares atuais, tudo indica que o Brasil enfrentará em 2024 a pior epidemia de dengue da história. A situação é alarmante porque o pico da dengue ainda não chegou – normalmente ocorre em abril – e a doença pode levar à morte. A maior parte dos casos prováveis neste ano atinge as mulheres (55,5%).

Os números mostram que a situação no Estado do Pará é de relativo controle em comparação com outros Estados brasileiros onde há uma explosão de casos. Em um período de menos de três meses neste ano (até o último dia 16), o Brasil já havia registrado 1,68 milhão de casos prováveis de dengue, mais do que o total de 2023 (1,66 milhão). Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde no Painel de Monitoramento de Arboviroses.

O número de mortes observadas este ano (513) ainda não supera o registrado nos 12 meses do ano anterior (1.094). No entanto, ainda há 903 óbitos sob investigação, o que pode elevar as estatísticas da letalidade da dengue neste período de dois meses e meio de 2024.

A Sespa alerta para o aumento do risco de transmissão de arboviroses durante o período de chuvas. Dados da secretaria apontam que 142 dos 144 municípios do Estado confirmaram a presença do Aedes Aegypti e garantiu que medidas de combate incluem a elaboração do Plano de Contingência Estadual de Dengue, Chikungunya e Zika vírus para 2024, informes epidemiológicos mensais, monitoramento de casos municipais, avaliação de planos municipais de contingência, e reuniões para alinhamento de ações emergenciais de controle e prevenção das arboviroses.

 

Período de chuvas pode ter diminuído incidências do mosquito no Pará

Considerando as epidemias que estão ocorrendo em diferentes estados brasileiros, a infectologista Rita Medeiros não descarta que possa haver um aumento importante no número de casos de dengue no Pará, o que não ocorreu até o momento. “Só o combate intensivo aos criadouros do mosquito transmissor, poderá evitar um cenário mais pessimista. Sobre a vacina, seria importante que a população de maior risco para dengue grave pudesse ter acesso aqui no Estado, mas, infelizmente, devido limitação na capacidade de produção da empresa que fabrica a vacina, ainda não fomos contempladas com doses da vacina no SUS”, comenta.

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Ela credita o número baixo de casos no Pará em comparação ao restante do país ao excesso de chuvas, “pois o excesso de água, acaba fazendo com que os criadouros não se formem adequadamente, pois há transbordamento dos mesmos quando há grande volume de chuvas”, explica a infectologista.

O excesso de calor e chuva desde o fim do ano passado, a circulação simultânea no Brasil de todos os quatro sorotipos do vírus da dengue e o crescimento das cidades estão entre as razões mais evidentes da explosão da doença. Ao não adotar as medidas preventivas adequadas, os cidadãos em geral também são responsáveis pelo crescimento no número de casos, embora o poder público tenha uma parcela grande de culpa pela atual epidemia.

A presença dos quatro sorotipos no Brasil ao mesmo tempo é uma situação atípica. Quando se infecta uma vez, a pessoa fica imune àquele sorotipo específico, mas permanece suscetível aos demais. Quanto mais sorotipos estiverem em circulação, maiores serão as chances de quem já se infectou ficar doente de novo. Na segunda infecção, a dengue é mais agressiva e o doente corre o risco de desenvolver a forma grave, que pode matar.

Os Estados com maiores índices de incidência da doença por 100 mil habitantes (até o dia 16/03) são o Distrito Federal (5.044 casos), Minas Gerais (2.809) e Espírito Santo (1.730). Os menores índices estão nos estados do Maranhão (44 por 100 mil), Pernambuco (85) e Piauí (87).