No dia Mundial do Rim, comemorado nesta quinta-feira (14), o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), faz uma avaliação positiva da assistência prestada aos pacientes renais crônicos que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS).
Com o objetivo de descentralizar e oferecer assistência especializada cada vez mais perto de quem precisa, desde 2019, o governo do Estado vem investindo e ampliando a Rede de Serviços de Terapia Renal Substitutiva (hemodiálise), principalmente nos Hospitais Regionais.
Das 13 Regiões de Saúde do Pará, 11 dispõem de rede assistencial de hemodiálise ambulatorial sob gestão estadual. São 17 serviços em funcionamento distribuídos nos municípios de Redenção e Ourilândia do Norte (Araguaia), Santarém (Baixo Amazonas), Marabá (Carajás), Tucuruí (Lago de Tucuruí), Breves (Marajó II), Belém e Marituba (Metropolitana I), Castanhal (Metropolitana III), Bragança e Capanema (Rio Caetés), Itaituba (Tapajós), Abaetetuba (Tocantins) e Altamira (Xingu).
“Nosso objetivo é oferecer o acesso ao serviço cada vez mais perto da população de todas as regiões e garantir melhor qualidade de vida às pessoas que precisam desse tratamento”, disse a secretária de Estado de Saúde Pública, Ivete Vaz. “Pois a falência renal pode afetar qualquer pessoa em qualquer momento da vida e em qualquer lugar, por isso é importante que haja um serviço especializado em cada canto do nosso Estado”, enfatizou a titular da Sespa.
Procedimento – A hemodiálise é um processo pelo qual uma máquina limpa e filtra o sangue substituindo o rim doente, liberando o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos. Também controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina.
Considerando apenas a rede estadual, a ampliação de máquinas de hemodiálise foi de mais de 100%, passando de 239 em 2019 para 482 atualmente. Além disso, há os serviços que funcionam em parceria com gestões municipais ou conveniadas ao SUS. Nesse caso, o número passou de 11 máquinas em 2019 para 92 em 2024, portanto são 574 máquinas em funcionamento, que resultaram em um total de 171.779 sessões de hemodiálise realizadas em 2023.
Um dos beneficiados com a descentralização dos serviços é o caminhoneiro Roberto da Silva, de 62 anos, morador de Castanhal. Ele faz hemodiálise três vezes por semana no Hospital Regional de Castanhal desde quando o serviço foi implantado em dezembro de 2023. Ele é renal crônico há dois anos e fazia hemodiálise em uma clínica em Castanhal mesmo.
O trabalhador conta que fez exames no Hospital Jean Bitar, em Belém, para realizar uma cirurgia e a médica o transferiu para o Hospital Regional de Castanhal, mais perto da casa dele, e que dispõe dos exames. Ele já está com o procedimento marcado. “Todo tipo de exame, cirurgia, qualquer coisa, tudo o que eu preciso aqui tem. Me sinto ótimo aqui. A equipe é maravilhosa, trata a gente muito bem. Já fui internado aqui e fui bem tratado. Graças a Deus, fiquei bem”, relatou o caminhoneiro Roberto da Silva.
Por causa da doença, Roberto da Silva vive de benefício do INSS e ajuda seu filho, que tem uma fábrica de gelo. Ele diz que ficar em casa parado é pior e que tem que se movimentar um pouco sem muito esforço. Ele atribui a doença a hábitos pouco saudáveis que tinha quando dirigia era caminhoneiro “Eu não bebia água e comia muito sal, isso prejudicou os meus rins. Mas graças a Deus estou me tratando e estou melhorando”, comemorou.
Eliane Domingues é paciente do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos. Ela disse que é renal crônica devido a uma doença hereditária, chamada rim policístico. “Somos oito irmãos e seis foram acometidos por essa doença, que minha mãe também tinha”.
Ela faz hemodiálise no HRAS há dois anos e avalia positivamente o serviço. “A equipe aqui é excelente, é uma família, pessoas que nos tratam com humanidade, conversam e nos ouvem. Procuro sempre estar alegre, mas, às vezes, nos entristecemos pela nossa condição que não é fácil. A gente rompe todos os dias porque além do mais temos nossos afazeres dentro de casa. Agora limitada porque temos fístula, não podemos fazer força, mas precisamos ainda cuidar”, relatou Eliane Domingues.
Transplante – Infelizmente, a única maneira de uma pessoa deixar a hemodiálise é por meio de um transplante de rim, por isso o governo do Estado também tem investido na estrutura para captação e transplante de órgãos, além de promover campanhas permanentes para sensibilizar as famílias sobre a importância da doação de órgãos.
Desde quando o serviço de transplantes foi implantado no Pará, foram realizados 1.023 transplantes renais. Atualmente, no âmbito do SUS, o procedimento é realizado no Hospital Ophir Loyola (HOL), Fundação Santa Casa, Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA), em Redenção.
No momento, 587 pessoas aguardam por um transplante de rim no Pará, das quais 38 são crianças e jovens até 17 anos de idade. Daí a importância também das medidas de prevenção, para que menos pessoas passem a depender de uma máquina de hemodiálise para sobreviver.
Campanha – Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SNB), o Dia Mundial do Rim é uma campanha global de conscientização da saúde, focada na importância e na redução da frequência e do impacto das doenças renais e dos problemas associados à enfermidade. Este ano o tema “Saúde dos Rins e Exame de Creatinina para Todos: porque todos têm o direito ao diagnóstico e acesso ao tratamento”.
Conforme a SBN, é fundamental que a população conheça os fatores de riscos da doença renal, pois evitar ou tratar esses fatores é a única forma de prevenção.
Os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, o diabetes e doenças familiares, mas a obesidade, fumo, uso de medicações nefrotóxicas e outros fatores também podem comprometer a função renal. Assim, as principais medidas preventivas são as seguintes:
· Manter a prática de exercícios físicos regulares;
· Evitar o excesso de sal, carne vermelha e gorduras;
· Controlar o peso corporal;
· Controlar a pressão arterial;
· Controlar o colesterol e a glicose;
· Não fumar;
· Não abusar de bebida alcoólica;
· Evitar o uso de anti-inflamatórios não hormonais;
· Ter cuidado com quadros de desidratação;
· Realizar, uma vez por ano, exames laboratoriais para avaliar a saúde dos rins: dosagem de creatinina no sangue e análise de urina;
· Consultar regularmente seu médico clínico;
· Não fazer uso de medicamentos sem prescrição médica.
Pacientes idosos, portadores de doença cardiovascular e pacientes com história de doença renal em familiares têm grande potencial para desenvolver lesão renal e devem ser investigados com triagem de exames de urina e dosagem de creatinina no sangue.