Grande Belém

'Prima do açaí’, bacaba também assusta pelo preço

Produto seria o plano B para fugir da alta de preços do açaí no Pará, mas está custando um preço nada acessível ao consumidor em Belém Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Produto seria o plano B para fugir da alta de preços do açaí no Pará, mas está custando um preço nada acessível ao consumidor em Belém Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Pryscila Soares

O fruto é parecido com o açaí, mas com sabor e cores diferentes. Apesar de a bacaba não ser tão popular na mesa dos paraenses quanto o açaí, nos pontos de venda existe a procura pela iguaria regional. Mas, embora esteja na safra, há pouca quantidade do produto sendo comercializada, o que encarece o preço tanto para os batedores quanto para o consumidor final.

Ou seja, para quem trabalha com o fruto, a situação é semelhante a que está ocorrendo com o açaí, devido ao desabastecimento de ambos. Proprietário de um ponto localizado na Avenida Alcindo Cacela, no bairro de Nazaré, em Belém, o empreendedor Jeferson Junior, 59, comenta que não tem conseguido comercializar o produto por estar em falta. Em contrapartida, quando há oferta de bacaba, o preço é elevado.

“A bacaba já foi muito vantajosa, mas agora não está tanto não, porque eles estão pedindo quase o mesmo preço do açaí. Até reclamei lá no Ver-o-Peso, onde eu compro a bacaba, porque estava entre R$ 200 e R$ 220 uma basqueta de bacaba, no caso são dois paneiros. Só que tem de bater primeiro para ver qual é a quantidade de bacaba que você vai tirar para poder dar o preço, senão a gente pode sair no prejuízo”, diz.

Durante a última semana, o empreendedor não conseguiu comprar o produto na feira. “Está na safra, mas esse ano veio pouca bacaba. Quando vem muito, o preço diminui, é a mesma coisa do açaí. Acho que nessa safra deu pouca bacaba mesmo, tanto o açaí quanto a bacaba. Quando tem bacaba vendo por R$ 20,00. Se fosse numa época boa, sairia por R$ 16, R$ 14, como foi ano passado”, explica.

FEIRA DA 25

Por outro lado, a empreendedora Lays Sampaio, 35, que possui um ponto na Feira da 25, no bairro do Marco, garante que tem bacaba e, também, procura pelo produto todos os dias, mesmo nesse período. Segundo ela, o segredo é manter um bom relacionamento com os fornecedores do fruto.

“Sou uma pessoa honesta e não quero o prejuízo do produtor, porque eu sei que está difícil para ele também, porque é caro. Hoje o fornecedor veio trazer a minha bacaba aqui na porta. Eu conheço gente que tem 40 anos de mercado, mas não tem crédito na feira, as pessoas não confiam. As pessoas têm que aprender que a gente tem que adquirir com o produtor um relacionamento. O produto está caro, é normal. Nós temos que entender o lado do produtor também. O verão foi muito forte no mundo todo, não foi só aqui para a gente. E aconteceu”, pontua.

ANO QUENTE

A empreendedora ressalta que as altas temperaturas registradas no ano passado podem ter comprometido a produção do açaí e de bacaba. “A gente teve um ano muito quente, o verão foi muito forte e prejudicou a produção dos frutos. Ano passado a lata custava R$ 35,00. Agora está a R$ 110,00. A gente vende por R$ 24,00, R$ 26,00. O açaí está saindo entre R$ 140 a R$ 300, o paneiro. Vendo a R$ 28 o popular e a R$ 34 o grosso”, informa.

Mesmo com o elevado preço do açaí, na casa do professor Paulo Oliveira, 65, a família ainda prefere o fruto do que a bacaba. “A gente compra o açaí mesmo. Mas com o preço que está, estamos comprando de duas vezes três por semana. Para eles (batedores) também está difícil, eles dependem disso, né? Eu acho que a produção está pouca e é retirada para as fábricas, e o paraense fica sem açaí”, diz o consumidor, que antes da alta consumia o fruto todos os dias