Grande Belém

Feiras de Belém têm o que você precisa e muito mais

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Trayce Melo

Na capital paraense, as feiras livres estabelecem um vínculo bastante forte com a economia local, e, de certa forma, até mesmo nacional, haja vista o nível de notoriedade que a cultura paraense tem no país. É o caso do Mercado do Ver-o-Peso.
Considerado a maior feira a céu aberto da América Latina, o Ver-o-Peso, localizado às margens da Baía do Guajará, no centro de Belém, engloba uma série de construções históricas, entre elas o Mercado de Carne e Mercado de Peixe, que são um atrativo à parte. Mas o grande complexo não se limita apenas aos boxes de alimentação, frutas, verduras e às erveiras. O local também abrange um setor de artesanatos e souvenir, eletrônicos, calçados e vestuário, entre outros.
O Alôncio Santos, de 62 anos, trabalha há mais de 45 anos no Ver-o-Peso. Ele diz que a profissão foi herdada da família. “Hoje eu que sigo adiante no ramo. Algumas das peças aqui são confeccionadas por mim. Aqui vendemos desde peneiras, cuias, esteiras, tipiti, souvenir, bijuterias e artesanato marajoara”, disse.

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

O artesão ainda conta que o público local compra suas peças geralmente para decorar estabelecimentos e residências. “A gente vende bastante, assim como para os turistas. Mas o público local geralmente compra as peças para decoração de ambientes como restaurantes, hotéis e residências. Além disso, as cuias e os suportes também são muito vendidos por quem tem venda de tacacá. Já os turistas, preferem levar os souvenires, que podem ser encontrados a partir de R$ 6,00. Temos várias opções, como imã de geladeira, chaveiros, bijuterias e outros”, descreve.
Em outro ponto, na área das erveiras, a Socorro Soares, mais conhecida como Loura, de 63 anos, conta que já trabalha há cerca de 50 anos na feira. Ela já chegou a conhecer a Europa levando seus produtos naturais.
Ela explica que as essências que prometem realizar pedidos são criadas por meio de uma mistura de saberes derivados das culturas ribeirinha, indígena e africana, utilizando óleos, cascas, frutos e raízes típicos da Amazônia. “Eu aprendi com a minha mãe, que era benzedeira. Já trabalho há cerca de 50 anos como erveira aqui no Ver-o-Peso. Já presenciei vários acontecimentos, inclusive já fui convidada para ir para Europa apresentar meus produtos naturais. Dessa forma, eu consegui levar um pouco dos meus conhecimentos para o mundo”, diz.

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Em sua barraca é possível encontrar ervas e raízes secas dispostas em cestos, mas o que mais se destaca são as centenas de vidrinhos amarrados por barbante, com preços que variam de 5 a 30 reais, com líquidos coloridos translúcidos. Cada um promete um desejo ou pedido específico. “Os banhos de cheiro e as essências vendem muito, tenho clientes de vários lugares. Eu chego a mandar para outros Estados e países”, comenta.

Feira do bairro da Pedreira, tem “tudo o que há no mundo”

Outra feira livre é a da Pedreira, que é conhecida por ter “tudo que há no mundo” para vender. E tal fama não veio por acaso, a feira é separada por vários setores.
Em um ponto da feira, fica localizada a loja de umbanda do Raimundo Nonato, de 63 anos. A loja já resiste há cerca de 50 anos. Ele diz que tudo começou com o seu cunhado. “Eu comecei a trabalhar com o meu cunhado, ele iniciou comprando alguns itens de umbanda. Com o tempo a loja foi crescendo e ganhando visibilidade. Tempos depois eu comprei o ponto e passou para o meu nome”, explica.

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

A vendedora da loja, Jaqueline Brito, 38 anos, pontua que o estabelecimento tem uma variedade de artigos de umbanda. “Aqui temos essências, velas, imagens, banhos, incensos e outros produtos nesse nicho. Mas o nosso forte são as vendas de velas e banhos, que variam entre 5 e 60 reais”, afirma.
“Aqui todo tempo tem clientes, mas em alguns festejos as vendas melhoraram bastante, como dia de Iemanjá, de Cosme e Damião, de pai Ogum e outros momentos festivos”, acrescenta.
Já Michele Quaresma, de 42 anos, tem uma barraca na feira há 3 anos. Segundo ela, o dom de trabalhar com especiarias e ervas foi herdado da mãe. “Eu comecei na feira com uma loja de roupas, mas não deu muito certo. A minha mãe já trabalhava com produtos naturais e faleceu há pouco tempo. Como ela me ensinou a mexer com isso, decidi seguir seu legado.

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Hoje sou muito realizada na minha barraca”, conta.
“As pessoas têm optado bastante em substituir os temperos industrializados pelos naturais. Realmente, eles dão muito mais sabor à comida. Aqui você encontra colorau, alho frito, curie, páprica, chimichurri e outros. Além disso, tenho mel, ervas para chá, óleos para massagem e terapêuticos. Os valores variam bastante, entre 5 e 45 reais”, conclui.