Pryscila Soares
Mais do que espaços de lazer, as praças da capital paraense são fontes de sustento para muitas famílias, que dependem dos variados tipos de atividades desenvolvidos nesses locais. Rodeada de prédios e estabelecimentos comerciais, a centenária Praça Batista Campos reúne diversos empreendedores, sobretudo aos finais de semana. Dentre eles estão os vendedores de água de coco, que atuam em barracas e de forma fixa no local.
Said Trindade, 45, é proprietário de uma barraca e atua na praça há 35 anos. Ainda criança, Said começou a frequentar o local e aprendeu a atividade com um tio, que anos depois passou o negócio para ele. Casado e pai de dois filhos, o empreendedor conta com orgulho que conquistou todos os bens materiais e o sustento da família com o suor de seu trabalho.
Até mesmo o seu casamento foi fruto da atividade, já que ele conheceu a esposa na praça. “Cheguei aqui puxando uma carroça e já troquei de carro inúmeras vezes. Morei aqui em cima dessa barraca e hoje tenho meu apartamento, tudo top, graças a Deus. A praça me deu tudo, até a minha esposa arrumei aqui. O pai dela tinha um carro de lanches, conheci ela e estamos há 22 anos juntos”.
Mas nem tudo são flores nessa jornada. Para Said, a praça perdeu boa parte do seu brilho pela falta de manutenção. “Quando dá 8h da noite fica tudo escuro. Antes era cheio de gente fazendo atividade física, hoje a praça está só buraco. As pessoas vêm em busca de saúde, mas acabam saindo prejudicadas”, critica ele, ao afirmar que sobrevive no local por causa de clientes antigos.
Entre os vendedores mais recentes está Ricardo Quaresma, 25, que atua com a venda de água de coco há seis anos. “Uma amiga me chamou para trabalhar na barraca dela e gostei do serviço. Conquistei várias amizades e bens, comprei uma moto. Representa muita coisa para mim esse trabalho”, conta.
O trabalhador acredita que uma atenção maior do poder público poderia trazer muitos benefícios para o espaço, para quem frequenta e trabalha ali. “Pode melhorar muita coisa. A iluminação, a calçada da praça, que está só buracos. Poderiam recolocar os bancos e as lixeiras, porque antes havia em toda a praça. E os brinquedos das crianças que estão todos quebrados. Ia atrair mais clientes. Muitas vezes as pessoas deixam de vir para cá pelo fato de estar escuro”.
Localizada no bairro Umarizal, a Praça Brasil é um espaço convidativo para quem busca um refúgio em meio à correria de uma capital. Por lá, muitos trabalhadores também garantem o sustento de suas famílias, sejam os vendedores de água de coco, taxistas e as famosas barracas de guaraná da Amazônia. Michelle Raiol, 42, é funcionária de uma barraca de guaraná há 15 anos. O contato com o público é o que ela mais gosta na atividade.
“A barraca é do meu irmão. Ele me chamou e a gente se ajuda aqui. Gosto muito de trabalhar aqui, porque a gente trabalha direto com o público. É uma rotina cansativa como qualquer outro trabalho, mas é bom também”, disse.
Michelle atua de segunda a sexta-feira no local. “Aqui a gente conquista amizade com as nossas colegas de trabalho e até mesmo com os clientes. Graças a Deus, tenho a minha casa hoje em dia. Foi daqui, com o suor do nosso trabalho”, comemora. “Hoje, acho que falta limpeza na praça. Está muito abandonada. E a segurança também. Precisa de mais organização, manutenção e seria muito bom para as crianças se colocasse brinquedos também”.
Prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou que iniciou um processo de licitação para reformas e revitalização de praças. “Em breve o órgão dará início a um planejamento para fazer a revitalização de diversos espaços que necessitam de reformas. Sobre as calçadas, o órgão já está executando um programa específico de manutenção de calçadas em diversos pontos de Belém, para torná-las trafegáveis ao pedestre”.
Já a Guarda Municipal de Belém (GMB) informou que a Praça Batista Campos recebe rondas e base diárias e também conta com câmeras de alta resolução, que fazem monitoramento 24 horas pelo Sistema Integrado de Monitoramento da corporação.