Grande Belém

Praça da República: local de oportunidades para quem empreende

Isaac conta que ele mesmo produz as peças que leva para comercializar na praça e a temática da música não é à toa. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.
Isaac conta que ele mesmo produz as peças que leva para comercializar na praça e a temática da música não é à toa. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

Cintia Magno

Ponto certo de movimentação nas manhãs de domingo, a Praça da República é também local de oportunidades para quem empreende. Faça chuva ou sol, o domingo é marcado pela diversidade   de produtos colocados à disposição dos visitantes, de plantas e artesanato, até livros e discos.

Depois de passar 20 anos morando em Rondônia, o artista plástico paraense Ronald Silveira, 53 anos, retornou a Belém e encontrou na Praça da República a oportunidade que precisava para expor as peças produzidas ao longo da semana. “Eu já trabalho com Miriti e madeira há muito tempo, mas na praça estou há um ano, desde que eu voltei pra Belém”, conta. “Eu vi que a praça tinha esse movimento bom no domingo e que era uma boa oportunidade de venda e não falha. Todo domingo eu vendo alguma coisa aqui na praça”.

Depois de passar 20 anos morando em Rondônia, o artista plástico paraense Ronald Silveira, 53 anos, retornou a Belém e encontrou na Praça da República a oportunidade que precisava para expor as peças produzidas ao longo da semana. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

Mesmo que o clima tenha amanhecido nublado e propício à chuva na manhã de ontem (07), o movimento intenso de visitantes pelas calçadas da República se manteve, cenário favorável para quem depende do comércio. No caso da empreendedora Ádria Eanguas, 24 anos, a praça é o local onde ela consegue expor os produtos cosméticos naturais, biodegradáveis e feitos com insumos típicos da região amazônica, como a andiroba e o pracaxi.

“É um produto de revenda, mas que eu sempre agrego alguma coisa feita por mim, como as touças de cetim que eu produzo. Mas os cosméticos também são uma produção da nossa terra, produzida em uma fábrica localizada em Icoaraci”, conta a responsável pela marca Cantinho Verde. “São produtos muito bons, biodegradáveis, e é algo que já faz parte da minha rotina e que eu resolvi trabalhar para levar esse resultado para outras pessoas também”.

Ádria conta que, inicialmente, trabalhava com a venda dos cosméticos naturais no município de Castanhal, mas recentemente decidiu mudar-se para Belém e não teve dúvidas do local onde ela poderia levar o seu estande de vendas, a Praça da República. “Eu vim morar justamente perto da praça porque eu sabia que era um ponto bom para aproveitar a movimentação do domingo”.

Em outro ponto da praça, o espaço recebe os estandes de diferentes trabalhadores que atuam com a venda de livros usados, discos de vinil e artigos relacionados à música, sobretudo ao rock. É justamente esse o universo de inspiração para as peças produzidas pelo empreendedor Isaac Reis, 53 anos. Há cinco anos ele trabalha com serigrafia em camisas, bonés e eco bags.

“A Praça da República é mágica porque tem itens que você só encontra aqui, aos domingos, você não encontra em outros pontos de comércio na cidade”, considera. “E as pessoas vêm sempre, pode estar chovendo ou fazendo sol, justamente porque a praça tem uma coisa diferente”.

Isaac conta que ele mesmo produz as peças que leva para comercializar na praça e a temática da música não é à toa. “Eu sou apaixonado por música e por isso é essa a temática que eu sempre trabalho. E isso também tem muito a ver com a praça, que de vez em quando tem apresentação cultural, tem eventos de poesia… praça é isso, a oportunidade de encontrar amigos que não via há anos e de encontrar coisas que você compra diretamente de quem produz e que você só encontra aqui”.

No caso do paisagista Hugo Shibata, 31 anos, e da geóloga Ariel Negri, 31 anos, a produção oferecida na Praça da República é formada por plantas cultivadas a partir de uma técnica chamada kokedama, que significa bola de musgo em japonês. Derivada do bonsai, a técnica é bastante antiga, mas por não ser tão conhecida localmente, chama a atenção de quem gosta de cultivar plantas. “As pessoas gostam muito e, por não ser uma técnica tão conhecida aqui, ficam muito curiosas para saber como é feito, acham que é um ouriço de castanha, mas não, é um cultivo feito com musgos”, explica Hugo, que é responsável pela marca Varanda Suspensa. “Como a gente não possui loja física, as feiras de artesanato acabam sendo a principal vitrine pro nosso trabalho. Aqui na Praça da República nós estamos há três anos”.