Carol Menezes
Engenheiro agrônomo e cofundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Beto Veríssimo já cravou que pode faltar ainda dois anos para Belém sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em 2025, mas uma chave já virou no ponto de vista da circulação de recursos.
“Por conta de 2025, a cidade já está hospedando uma série de eventos, quase que um atrás do outro. Ou seja, a gente já tem uma economia de eventos”, confirma. A agenda de eventos climáticos garantiram visibilidade para outros eventos de caráter nacional chegarem à Belém.
A capital sediou o Diálogos Amazônicos, a Cúpula da Amazônia e a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, realizadas entre agosto e setembro, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia.
A Seleção Brasileira masculina de futebol também estreou nas eliminatórias da Copa 2026 em jogo contra a Bolívia realizada no Mangueirão em setembro, com lotação máxima no estádio. Depois de dez anos sem jogar na capital do Pará, o Flamengo vai jogar pelo Campeonato Carioca agora em janeiro também no mesmo local. Belém será sede do Pré-Olímpico de Basquete Feminino em fevereiro.
O governador Helder Barbalho já falou publicamente que quer uma pré-COP em 2024 reunindo juventude, povos tradicionais e movimentos sociais. Belém foi anunciada pelo governo brasileiro como uma das 13 cidades do país que devem receber reuniões temáticas do Grupo dos 20, o G20, em 2024. E esse calendário ainda deve ganhar mais e mais datas importantes – e lucrativas para diversos setores.
O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará tem boas expectativas. De acordo com o assessor jurídico da entidade, Fernando Soares, quanto mais eventos forem confirmados, melhor.
“Será um cenário fantástico para o nosso segmento. A gente tem que ver é a duração, a durabilidade desses eventos, porque eu não acredito em contratação para funcionários fixos. Ou você trabalha com aquele funcionário diarista, porque devem ser eventos de uma semana, dez dias. Por exemplo, no jogo de futebol você tem três dias de evento,. No jogo de basquete é a mesma coisa, três dias, você chega um dia treina no outro e joga no outro. Uma pré-COP seria interessante, porque deve durar cerca de dez dias, o que deve exigir a contratação de pessoas para auxiliar, reforçar equipes”, analisa, lembrando que o setor ainda não se recuperou plenamente dos efeitos da pandemia da covid-19, o que justifica o entusiasmo diante do que virá.
Ele associa esta “maré alta” de programações ao estímulo também ao turismo para outras cidades do Pará. “Muitas pessoas que vêm para eventos em Belém acabam indo conhecer outras cidades, tipo Santarém, Salinas, e tem chance de haver uma movimentação, mesmo que pequena. Movimenta a economia da cidade, movimenta a economia do nosso setor, então você tem um ganho linear em todas as áreas, isso é muito bom”, comemora.
Oportunidades boas também para empreender
O diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, aponta que todo o entorno da COP 30 cria um ambiente favorável ao empreendedorismo. Mais de 80 mil pessoas estão sendo esperadas para o evento, o que deve movimentar a economia do estado com a geração de inúmeras demandas por produtos e serviços, sendo que a grande maioria será oferecida por pequenos negócios, segundo ele, que representam mais de 90% dos empreendimentos formais e geram mais de 50% dos empregos de carteira assinada no Pará.
“E este é um cenário que já começa a se configurar desde agora, não só pelo que tem sido feito com vistas à COP de 2025, mas pelos muitos outros eventos atraídos para cá por conta dela, de forma direta ou indireta, como a reunião do G20, ampliando essa janela de oportunidades para o antes, durante e pós Conferência”, relaciona.
Magno vê esse ambiente favorável criando oportunidades para quem já está no mercado e também para quem olhar esse movimento e quiser iniciar um negócio. “Estamos utilizando as ferramentas que já estão testadas no mercado e estamos nos aprimorando, inovando e buscando parcerias, a exemplo das experiências que ganhamos ao estar presentes na COP 28. Nosso papel é estar ao lado dos empreendedores de pequenos negócios, que têm um papel fundamental para o desenvolvimento sustentável, sendo o ponto de apoio do governo do Estado no que se refere à nossa missão”, garante.
Mercado imobiliário aposta no aluguel de imóveis e nos aplicativos por temporada
De olho nos grandes eventos que Belém vem recebendo e na reduzida quantidade de vagas em hotéis, a aposta de muitos corretores está no aluguel de imóveis e nos aplicativos de moradia por temporada. Neste mercado, a COP 30 já é uma realidade para Belém. Desde que a capital foi anunciada como a próxima sede do evento, a cidade iniciou um intenso processo de transformação.
“A COP 30 traz um desenvolvimento imobiliário com impacto muito positivo, pois gera emprego e movimenta a economia do estado como um todo. Em paralelo, a preocupação e o respeito pelo meio ambiente devem caminhar em conjunto para que o saldo seja sempre positivo. Eu acredito que o desenvolvimento do mercado traz consigo muitos benefícios, uma vez que ele é acompanhado pelo melhoramento das vias, sistemas de rede elétrica e muitos outros”, acredita Marlene Felippe, Presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Pará.
E as expectativas não giram só em torno de Belém, mas de outras cidades turísticas do estado também. “Quem investe numa viagem dessa para cá, não vem passar poucos dias. Então, com certeza, devemos ter uma estadia prolongada por parte dos turistas, e isso vai favorecer o mercado de locais como Alter do Chão, Bragança, Salinas; São pedaços interessantíssimos do mercado e que também precisam de atenção por parte do corretor”, aposta Marlene.
Grandes eventos puxam grandes obras. A região metropolitana de Belém deve passar por uma transformação nos próximos anos com projetos que prometem mudar a vida de quem mora nas cidades e atrair mais visitantes. Parques, aberturas de vias, revitalização urbana, asfalto. Investimentos capazes de gerar emprego, renda e oportunidades.
“Podemos esperar a valorização de imóveis nessas áreas próximas a estas grandes obras. Isso vai significar um mercado mais aquecido, chamativo a investidores e cheio de novidades. E isso deve abraçar todas as classes, pois com os olhos do mundo voltados para cá, políticas públicas sociais também vão aquecer o mercado imobiliário das chamadas moradias populares”, avalia a corretora e presidente do Creci.