PREMIAÇÃO

A Copa do Mundo do cinema: top 10 vencedores do Oscar

Neste domingo, será realizada a 97ª edição do Oscar e, entre as tradições para acompanhar a festa, está maratonar um histórico top 10.

A Copa do Mundo do cinema: top 10 vencedores do Oscar

A 97ª edição do Oscar será realizada neste domingo e sempre que a premiação se aproxima a discussão sobre a sua relevância cinematográfica é retomada. “É um prêmio que a indústria norte-americana criou para celebrar a própria indústria”. Este é o principal argumento. E não está errado, mesmo com as famosas exceções que confirmam a regra, como “Parasita”. Além, é claro, de tentativas ainda esparsas de inserir mais diversidade na festa e diminuir as críticas em relação à uma Hollywood extremamente branca e masculina. Sim, o Oscar tem muitos problemas para resolver, ao passo que Cannes, Berlim, Veneza e inúmeros outros festivais valorizam mais o cinema como arte. Mas não tem jeito. O Oscar é a premiação que atrai o grande público. É a Copa do Mundo do cinema.

Maratonar os filmes indicados, fazer o bolão dos vencedores, acompanhar o tapete vermelho, preparar a pipoca e torcer pelos seus favoritos. Para quem gosta de cinema, é uma tradição maravilhosa. E, neste ano, para os brasileiros, com um gostinho especial, já que “Ainda estou aqui” e Fernanda Torres estão na disputa e com chances reais de levar a estatueta. A noite promete. Ah, e outra tradição, esta particular, é rever na véspera ou nos dias que antecedem a festa, o meu top 10 de ganhadores do Oscar – que, claro, como todo top 10 que se preze, muda de acordo com meu humor ou momento da vida. Então, resolvi, nesta coluna, compartilhar com vocês os meus dez filmes preferidos que levaram para casa o prêmio de Melhor Filme em anos anteriores. Vamos lá! A ordem é cronológica.

Aconteceu naquela noite

Para começar, “Aconteceu naquela noite”, primeiro da história a receber os cinco principais Oscars: Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro. Pioneiro das comédias românticas, tem aquele clima gostoso que só as produções de Frank Capra são capazes de oferecer. Fora as atuações magistrais de Clark Gable e Claudette Colbert. Sabe aquele clichê da mulher que ao pedir carona levanta a saia e mostra as pernas, deixando o seu par com cara de bobo? Pois é, nasceu aqui. De resto, é só se divertir com as tiradas inteligentes em uma trama bem simples: garota mimada foge do pai controlador e encontra um repórter com jeitão de cafajeste, mas que tem bom coração. Eles vivem às turras e, óbvio, vão se apaixonar. Clássico.

Casablanca

“Casablanca” vem em seguida. Humphrey Bogart e Ingrid Bergman encantadores, as notas de “As time goes by” ecoando em nossas mentes e corações. A melancolia de um amor impossível em meio à guerra e o combate aos nazistas. Angústia, medo e excitação. Todos os ingredientes de um poderoso melodrama. Não há quem não se sinta tocado por este filme.

Se meu apartamento falasse

Em terceiro, “Se meu apartamento falasse”. Jack Lemmon é, de longe, um dos meus atores favoritos. E a sua interpretação nesta obra-prima de Billy Wilder é, talvez, a mais hilária e comovente de todas que já vi. Ele é C.C. Baxter, um funcionário que deseja subir no conceito dos seus superiores e empresta-lhes o seu apartamento para que, lá, eles encontrem suas amantes. O problema é quando Baxter se apaixona por uma delas. O filme tem um humor agridoce, com personagens complexos e críticas a um corporativismo nocivo, que ainda soa bem atual.

A noviça rebelde

Já “A noviça rebelde” é um dos filmes mais cativantes já feitos – e referenciados. É um verdadeiro conto de fadas, que celebra, por meio da música, a família e o amor. Julie Andrews está belíssima e carismática como Maria, na medida para derreter e conquistar o coração do viúvo Capitão Von Trapp (Christopher Plummer), seus sete filhos e, claro, o nosso também. Só os nazistas, de quem eles precisam fugir, não amoleceram com suas canções e sorrisos. Mas aí é pedir demais, já que nem gente eles são. Na época e hoje também.

Operação França

Em “Operação França”, Gene Hackman é Popeye Doyle, um policial amoral, pragmático, obcecado, violento e com senso próprio de justiça. Ele combate traficantes. Você não vai gostar dele. Se gostar, se rolar uma identificação, procure um psicólogo. De todo modo, uma criação brilhante de Hackman, morto na última quinta-feira. O filme em si tem uma atmosfera suja, cinzenta e acelerada, que culmina em uma das maiores cenas de perseguição do cinema. Um dos grandes trabalhos do diretor William Friedkin.

O poderoso chefão

Chegamos agora àquela que, na minha modesta opinião, é a maior obra já realizada na sétima arte: “O poderoso chefão”. Com um adendo. Não há como incluir aqui apenas o primeiro filme. Considero a trilogia como obra única, inseparável. Mesmo que alguns tratem a terceira parte como inferior – o que é um sacrilégio. A saga de Coppola é irretocável. Basta dizer que Mario Puzo, após ter escrito o roteiro, decidiu se aprofundar nos estudos cinematográficos e se deparou com um livro que ensinava a escrever roteiro tendo como exemplo justamente “O poderoso chefão”. Fora isso: Brando, Pacino, De Niro, Keaton, Caan, Duvall, Shire, Cazale, Wallach… Fim de papo.

Um estranho no ninho

Por sua vez, “Um estranho no ninho”, de Milos Forman, é uma experiência inesquecível. Um Jack Nicholson totalmente hipnótico e uma Louise Fletcher implacável protagonizam o embate entre liberdade/inconformismo e opressão/status quo, com um véu de loucura bastante transparente os separando.

Rocky, um lutador

Com “Rocky” o que está em jogo é o espírito inquebrantável do protagonista. Ele já passou da idade de aspirar algo no boxe, faz bicos como cobrador de dívidas para agiotas do bairro para sobreviver, tenta a todo custo conquistar a afeição de uma mulher, está sempre correndo atrás, esperançoso. A frase, que só viria no sexto filme da franquia, “A vida é sobre o quão duro você consegue apanhar e continuar seguindo em frente”, já estava  presente aqui nas entrelinhas. Sylvester Stallone criou um mito, sim, senhor.

O silêncio dos inocentes

O penúltimo da lista é uma raridade, já que a Academia raramente dá atenção para filmes de terror. Pode-se até discutir se “O silêncio dos inocentes” não estaria mais para um “suspense policial”. Obviamente há no filme elementos para suavizá-lo e classificá-lo assim, mas, pra mim, é macabro demais, perturbador demais para vê-lo de outra forma que não como terror. Até porque, nos deu Hannibal Lecter, que está no panteão dos grandes vilões/monstros do cinema. “Ainda ouve as ovelhas à noite, Clarice?”. Magnífico.

Os imperdoáveis

Por fim, o faroeste revisionista de Clint Eastwood, “Os imperdoáveis”. E quem melhor do que Eastwood,um dos grandes nomes do gênero, para se debruçar sobre ele e desconstruir seus paradigmas? É um filme autocrítico e metalinguístico, mas também sombrio e violento, que olha para o passado com pesar e vê o futuro com extremo pessimismo.

É isso, um bom Oscar pra vocês!

Onde assistir

  • “Aconteceu naquela noite”: para streaming no Looke, Belas Artes à La Carte e NetMovies; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “Casablanca”: para streaming na Max e Oldflix; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “Se meu apartamento falasse”: para streaming na MGM+; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “A noviça rebelde”: para streaming na Disney+.
  • “Operação França”: para streaming na Disney+.
  • “O poderoso chefão”: para streaming na Netflix, Paramount Plus, Oldflix e Telecine; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “Um estranho no ninho”: para streaming na Max; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “Rocky”: para streaming na MGM+ e Oldflix; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “O silêncio dos inocentes”: para streaming na MGM+; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.
  • “Os imperdoáveis”: para streaming na Max; para aluguel/compra na Amazon e Apple TV.

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