SUSTENTABILIDADE

Separar ou não o lacre da latinha? Especialistas explicam o que fazer e por quê

Decisão depende do destino do resíduo: entenda o impacto ambiental e social da escolha.

Foto: Divulgação
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Separar o lacre da latinha de alumínio pode parecer um gesto simples, mas a decisão depende diretamente do destino final do material. Embora algumas pessoas removam o anel com a intenção de ajudar causas sociais ou artesãos, especialistas apontam que, do ponto de vista da reciclagem, o ideal é que ele permaneça preso à lata.

O lacre é produzido com uma liga metálica menos rica em alumínio do que o restante da lata. Quando os dois seguem juntos para a reciclagem, o rendimento é mais eficiente, o que favorece tanto o processo industrial quanto os profissionais da cadeia de coleta, como os catadores.

Lacres que viram solidariedade

Apesar disso, milhares de pessoas em todo o Brasil se engajam em campanhas que recolhem lacres com fins solidários. O material é acumulado em grandes quantidades e vendido para reciclagem. O valor arrecadado é, então, revertido na compra de cadeiras de rodas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

“Os lacres não viram cadeiras de rodas diretamente. Eles são vendidos, e o dinheiro da venda é usado para adquirir os equipamentos”, explica um representante de uma ONG envolvida nesse tipo de campanha. Segundo a estimativa de algumas instituições, cerca de 385 mil lacres — o equivalente ao conteúdo de 140 garrafas PET de dois litros — são necessários para garantir uma cadeira de rodas.

A opção por arrecadar apenas os lacres, e não as latinhas completas, também leva em conta aspectos práticos: eles são fáceis de armazenar, não acumulam água, não atraem insetos e podem ser coletados em ambientes fechados como escolas, igrejas e empresas.

Também viram arte

Além do caráter social, o lacre da latinha também tem valor artístico. Artesãos criam desde bijuterias até peças de vestuário e luminárias com o material. Bolsas, cintos, colares, brincos e até cortinas já foram confeccionados a partir de lacres reaproveitados.

Quando não separar?

Se você não está participando de nenhuma campanha social ou não conhece um artesão que use os lacres, a melhor opção é não separá-los. A lata inteira, incluindo o lacre, tem maior valor de revenda e mais facilidade de reaproveitamento no ciclo industrial da reciclagem.

O valor do alumínio

O alumínio é um dos materiais mais recicláveis do mundo — e o Brasil é referência nesse setor. Porém, sua produção a partir da matéria-prima bruta, a bauxita, consome altíssimos níveis de energia. Para se ter uma ideia, a produção de apenas 1 kg de alumínio consome energia suficiente para manter um computador ligado por 8 horas diárias durante um mês inteiro.

Por isso, a reciclagem se mostra fundamental para a sustentabilidade da indústria e para a preservação dos recursos naturais.

Conclusão

  • Se for doar para uma campanha solidária ou para artesanato, pode separar o lacre da latinha.
  • Se for descartar para reciclagem comum, mantenha o lacre junto da lata.
  • O alumínio é um recurso valioso e a separação correta ajuda o meio ambiente e a cadeia produtiva.

Antes de jogar fora, pense: esse lacre pode significar muito mais do que parece.