OLHO NOS OLHOS

Evitar contato visual: o que isso revela sobre a mente humana, segundo a psicologia?

Em uma conversa cotidiana, um gesto simples pode carregar muitos significados: olhar nos olhos. Para algumas pessoas, isso acontece naturalmente.

Em uma conversa cotidiana, um gesto simples pode carregar muitos significados: olhar nos olhos. Para algumas pessoas, isso acontece naturalmente.
Em uma conversa cotidiana, um gesto simples pode carregar muitos significados: olhar nos olhos. Para algumas pessoas, isso acontece naturalmente. Foto: pixabay

Em uma conversa cotidiana, um gesto simples pode carregar muitos significados: olhar nos olhos. Para algumas pessoas, isso acontece naturalmente. Para outras, manter contato visual pode ser desconfortável, constrangedor ou até angustiante. Mas o que a psicologia diz sobre o ato de evitar o olhar direto?

Segundo especialistas, evitar o contato visual não tem uma explicação única. O contexto social, a personalidade do indivíduo, o ambiente cultural e até experiências traumáticas interferem nessa escolha (ou reflexo). Em alguns casos, o gesto revela timidez ou ansiedade. Em outros, pode ser sinal de desconexão emocional, dificuldade de comunicação ou característica de algum transtorno psicológico.


Timidez e ansiedade social

Para pessoas tímidas ou com ansiedade social, sustentar o olhar alheio pode ser desconfortável. Elas temem o julgamento do outro, sentem-se expostas ou inseguras, e por isso desviam o olhar. Nesses casos, o gesto é um mecanismo de autoproteção.

“O contato visual pode ser interpretado pelo cérebro como uma forma de ameaça ou de invasão emocional”, explica a psicóloga clínica Marina Torres. “Por isso, quem tem ansiedade ou baixa autoestima muitas vezes evita esse tipo de interação”.


Mentira, culpa ou desconforto?

Um comportamento frequente em séries policiais e dramas jurídicos é associar o desvio do olhar à mentira. E, de fato, em alguns casos, pessoas que estão mentindo ou escondendo algo podem evitar olhar diretamente nos olhos. Contudo, os psicólogos alertam: não é uma regra confiável.

“Pessoas honestas também desviam o olhar por nervosismo, vergonha ou pressão emocional. Por isso, não se pode concluir que alguém mente apenas por não manter o olhar”, afirma Marina.


Transtornos como o autismo

Para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), evitar contato visual é um comportamento comum — mas que não deve ser interpretado como falta de empatia. Trata-se de uma diferença neurológica no modo como os estímulos sociais são processados.

“O olhar direto pode gerar sobrecarga sensorial para algumas pessoas autistas. Isso não significa falta de conexão ou interesse, apenas uma forma distinta de perceber o ambiente social”, esclarece a especialista.


Questão de cultura: o olhar como respeito (ou desrespeito)

Em algumas culturas, especialmente em países asiáticos e do Oriente Médio, olhar nos olhos de alguém mais velho ou com mais autoridade pode ser considerado desrespeitoso. Nesses contextos, evitar o olhar é um gesto de respeito, e não de insegurança.


Desengajamento ou falta de interesse

Em situações informais, como reuniões ou conversas entre amigos, desviar o olhar pode ser interpretado como falta de interesse, distração ou desconexão emocional. Nestes casos, outros sinais — como postura corporal e expressões faciais — ajudam a compreender melhor o comportamento.


Cada olhar (ou desvio dele) tem sua história

É importante lembrar que o contato visual faz parte da comunicação não verbal, e não deve ser analisado isoladamente. A forma como alguém olha (ou evita olhar) pode estar relacionada a experiências pessoais, traumas, saúde mental ou até a um simples momento de cansaço ou introspecção.

“Nem todo mundo olha nos olhos para expressar atenção ou verdade. Existem diferentes formas de conexão, e cada pessoa tem um limite de exposição emocional”, finaliza a psicóloga Marina.


Quer saber mais?

Se você se identifica com o comportamento de evitar o contato visual e sente que isso afeta sua vida pessoal ou profissional, é recomendável buscar apoio psicológico. Um profissional pode ajudar a entender o que está por trás desse gesto e como lidar com ele de forma mais saudável.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.