Ana Laura Costa
A cesta básica dos paraenses voltou a ficar mais cara em fevereiro passado e apresentou alta de 1,27% em relação ao mês de janeiro, aponta novo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese Pará). De acordo com o departamento, o custo da alimentação básica nos dois primeiros meses de 2024 acumula alta de 3,05%, percentual que supera a inflação estimada em torno de 1,00% para o mesmo período.
Ainda de acordo com o balanço, a maioria dos produtos básicos que compõem a cesta básica apresentou aumentos de preços. Os primeiros destaques ficam para o arroz, com alta de 3,52%; seguidos do tomate, com alta de 3,23%; manteiga, com reajuste de 2,80%; banana, com alta de 2,62%; feijão, com reajuste no preço de 2,16% e farinha de mandioca, com alta de 0,57%.
Alguns também apresentaram recuos no preço, como a soja, com queda de 4,46%; seguidos do café, com queda de 0,80% e o açúcar, com recuo de 0,79% no preço. No entanto, nos últimos 12 meses, de acordo com a pesquisa do Dieese Pará, o custo da alimentação pesou no bolso e apresentou alta de 0,32%. Só o arroz, por exemplo, teve reajuste acumulado de 30,73%.
Dessa forma, uma família padrão paraense, composta por dois adultos e duas crianças, desembolsa, em média, R$1.995,36, para garantir somente a alimentação. O funcionário público aposentado Naldo Martins afirma que vem sentindo no bolso o aumento nos preços dos produtos desde fevereiro. Para ele, alimentos como tomate, pimentão, abóbora, arroz, feijão e biscoitos são os que mais tiveram aumento.
“Em janeiro parece que houve uma redução nos preços, mas agora tudo só vem aumentando. E na feira está até mais caro, então o que estou fazendo mesmo é aproveitar as promoções. Pesquiso, vejo onde estão ocorrendo as promoções e compro para economizar”, conta.
A dona de casa Maria de Fátima, 57, também concorda que a melhor estratégia no momento tem sido aproveitar as promoções para não deixar a despensa vazia. Segundo ela, a banana que antes não faltava na mesa, agora tem dia certo para fazer parte da dieta. “Está muito caro, nunca vi isso. Parece que tudo só aumenta e aumenta. Agora tenho que escolher um dia específico para comprar banana porque consumimos muito em casa, mas com o quilo nas alturas, não tem como”, disse.
PRODUÇÃO
De acordo com o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, Everson Costa, os últimos reajustes são expressivos. E diz que vivemos um período de baixa produção de alimentos que impacta o país inteiro e, principalmente, nos locais que produzem esses alimentos. “Os fatores climáticos vêm fazendo com que essa produção de alimentos seja alterada, danificada ou impacte na dificuldade do tamanho, quantidade e qualidade do produto”, comenta.
Everson Costa ainda lista os itens cujos preços estão assustando os paraenses em 2024. O primeiro deles é o feijão, seguidos do arroz, óleo de soja, tomate e banana. “Todos esses produtos são os que mais encareceram, são reajustes que vão de 3% a mais de 20%”, ressalta.
O supervisor também salienta que, dentre os fatores que influenciam nas altas dos preços, está o fato de que o Brasil é um grande produtor de alimentos no mercado externo e, os compradores, buscam no país o que está em falta em seus respectivos países.
“Então, estamos falando de um cenário internacional e interno que sofre com as variações climáticas que impactam a produção, trazendo influência na comercialização e, particularmente, olhando a nossa região Norte, falamos de fatores que fazem que padecemos por questões climáticas, sazonais e pela distância para a distribuição desses alimentos, o que influencia no preço do frete”, explica.