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Veja orientações para sair da lista dos endividados

Veja orientações para sair da lista dos endividados Veja orientações para sair da lista dos endividados Veja orientações para sair da lista dos endividados Veja orientações para sair da lista dos endividados
Serasa ouviu 2.446 brasileiros para entender as dificuldades financeiras que costumam acompanhar as cinco semanas do 8º mês do ano;
Especialistas destacam a importância do consumidor ter educação financeira FOTO: Wagner Almeida

Diego Monteiro

De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o índice de brasileiros endividados registrou um pequeno aumento de 3,78%, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, atingindo 66,96 milhões de pessoas. E quatro em cada dez adultos no Brasil (40,83%) enfrentam dívidas.

No mês passado, a média da dívida por consumidor negativado era de R$ 4.388,21 na soma de todas as contas, divididas numa faixa de duas empresas credoras. O levantamento mostra ainda que cerca de três em cada dez consumidores (31,11%) tinham pendências financeiras no valor de até R$ 500. Em relação a contas atrasadas no valor de R$ 1 mil, o percentual chega a 44,59%.

Frente a esses dados, especialistas destacam a importância da educação financeira no aprimoramento da qualidade de vida e na redução do estresse financeiro da população.

Segundo Everson Costa, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), aproximadamente 2 milhões de paraenses encontram-se inadimplentes. “O principal vilão é o cartão de crédito. Estamos falando de um universo gigantesco que atinge, praticamente, a metade dos trabalhadores – formais e informais – no Estado”, pontua.

Everson enfatiza ainda a importância de analisar os riscos e benefícios para o uso racional do dinheiro. “Dívida não é bom para ninguém, então saber para onde estão indo seus gastos e quanto realmente cai na conta faz toda a diferença. Mas os brasileiros não têm uma cultura financeira saudável e quase sempre estão com orçamento apertado, o que no final das contas é prejudicial”, acrescenta.

Conforme apontado pela CNDL e pelo SPC, a faixa etária de 30 a 39 anos apresenta o maior número de devedores (23,61%), totalizando pouco mais de 16,5 milhões de pessoas registradas em cadastros de inadimplentes. Esse montante corresponde a 48,48% do total deste grupo etário. A inadimplência mantém-se equilibrada entre os sexos, com 51,10% de mulheres e 48,90% de homens.

CONTAS

O supervisor técnico destaca que algumas contas devem ser priorizadas para alcançar a regularização do nome. “É necessário priorizar dívidas essenciais, como energia e água por se tratar de necessidades básicas, e no caso a conta telefônica por ser uma ferramenta de trabalho. Também deve priorizar as dívidas caras, que têm juros altos e negociá-las o quanto antes”, orienta Everson.

“Quando se está endividado, é preciso ser radical: chame seus pares para conversar, pois qualquer economia ajuda. Procure aumentar os ganhos com trabalho e reduza ao máximo os gastos. Procure sempre poupar e invista esse dinheiro poupado. Seja conservador. Não se arrisque nesse momento e lembre-se de que essa situação delicada passa com estratégia simples”, conclui o especialista.

Dicas

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) concluiu que 77,6% das famílias enfrentam contas a vencer. Diante dessa taxa, a CNC elaborou uma lista com sugestões que podem auxiliar as pessoas a evitar novas dívidas, sair do vermelho e manter o nome limpo. Confira:

  • Colocar todas as dívidas no papel, separando aquelas relacionadas a serviços e produtos essenciais (como água, energia elétrica, gás e aluguel), que não podem ser cortados, e aquelas com juros mais altos (como cartão de crédito e cheque especial), considerando-as como prioridade para pagamento
  • Registrar todos os gastos durante 30 dias, separando por tipo de despesa, inclusive as pequenas, para compreender como efetivamente o dinheiro está sendo gasto
  • Negociar uma dívida apenas quando se tem condições de fazê-lo, após um planejamento cuidadoso, evitando passos precipitados que possam piorar a situação
  • Evitar trocar uma dívida por outra, pois nem sempre é a melhor alternativa
  • Antes de realizar qualquer compra, fazer perguntas como: Eu realmente preciso deste produto? O que ele vai trazer de benefício para a minha vida? Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento?
  • Estabelecer pelo menos três sonhos: um de curto prazo (a ser realizado em até um ano), um de médio prazo (entre um a dez anos) e outro de longo prazo (acima de dez anos), sendo um deles voltado para a saída das dívidas
  • Com os números do diagnóstico financeiro em mãos, trabalhar mais o uso da ferramenta “poupança” para evitar contratempos financeiros e sempre ter uma reserva emergencial

Dívidas em números

Ao segmentar a análise por setor credor, observa-se que os bancos detêm a maior parcela das dívidas, representando 64,02% do total. Em seguida, aparecem água e energia (11,33%), comércio com 11,20% e outros com 7,16%. Por região, utilizando a mesma lógica, a maior elevação ocorreu na região Sudeste (9,03%), seguida pelo Nordeste (7,90%), Norte (5,02%), Centro-Oeste (4,44%) e Sul (4,25%).