Diego Monteiro
De acordo com o Indicador de Recuperação de Crédito do Serasa Experian, após dois meses consecutivos de queda, o número de brasileiros inadimplentes apresentou um pequeno aumento em agosto de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado, e chegou a marca de 66,80 milhões de brasileiros negativados, ou seja, uma alta de 7,17%.
No mês passado, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.108,89 na soma de todas as dívidas. O levantamento mostra ainda que cerca de três em cada dez consumidores (31,11%) tinham dívidas no valor de até R$ 500. Em relação a contas atrasadas no valor de R$ 1 mil, o percentual chega a 45,25%.
Diante desses dados, especialistas afirmam que a educação financeira desempenha um papel crucial na redução do estresse financeiro da população.
Segundo Luís Mesquita, especialista em educação financeira, compreender como funcionam as finanças é um processo no qual o indivíduo enxerga melhor seus rendimentos. “Trata-se de uma ferramenta que fará com que haja um diagnóstico e um entendimento completo da vida financeira”, explica.
Mesquita destaca ainda que analisar os riscos e os benefícios para o uso racional do dinheiro é crucial para se livrar das dívidas. “Saber para onde estão indo seus gastos e quanto realmente cai na conta faz toda a diferença. Mas os brasileiros não têm uma cultura financeira saudável e quase sempre estão com orçamento apertado, então é preciso mudar esse pensamento”, pontua.
FAIXA ETÁRIA
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Segundo o SPC Brasil, o número de devedores com maior representatividade está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,74%), correspondendo a pouco mais de 16 milhões de pessoas registradas em cadastros de devedores. A inadimplência segue bem distribuída entre os sexos: 51,10% de mulheres e 48,90% de homens.
O educador financeiro destaca que algumas contas devem ser priorizadas para o sucesso do nome limpo. “Para limpar seu nome é preciso priorizar dívidas essenciais, como energia e água por se tratar de necessidades básicas, e no caso a conta telefônica por ser uma ferramenta de trabalho. Também deve priorizar as dívidas caras, que têm juros altos e negociá-las o quanto antes”, orienta.
“Quando se está endividado, é preciso ser radical: chame seus pares para conversar, pois qualquer economia ajuda. Procure aumentar os ganhos com trabalho e reduza ao máximo os gastos. Procure sempre poupar e invista esse dinheiro poupado. Seja conservador. Não se arrisque nesse momento e lembre-se de que essa situação delicada passa com estratégia simples”, conclui.
Antônia Barros Pereira, 53, disse que já perdeu as contas do valor das dívidas e diz que para sair do vermelho só se ganhar na Loteria. “Hoje estou sem condições de zerar essas pendências, então acabo priorizando nos custos de casa para não faltar comida e conforto. Mas um dia, quem sabe, quando acertar as seis dezenas, eu possa ficar limpa no mercado”, afirma a erveira.
Mas apesar de boa parte dos brasileiros estarem precisando limpar o nome no mercado, João Alexandre, 61, faz parte dos 60% que possuem as contas em dia. “Acho que as pessoas precisam ser honestas com elas mesmas e saber até onde ela pode gastar para não ficar no vermelho. Não tem como querer gastar muito sem o poder de compra equivalente para aquela realidade”, revelou o empresário.
“Desde muito novo, por exemplo, sempre tive esse comportamento de gastar apenas o que eu posso e até onde o meu bolso se garante, pois para que essas dívidas virem uma bola de neve é fácil. Sempre aprendi com os meus pais que, se a gente sabe viver com pouco, certamente saberemos viver com muito”, conclui João Alexandre.
