Ana Laura Costa
Após ligeira queda, no mês de abril, a cesta básica na capital voltou a ficar mais cara. É o que mostra novo estudo produzido pelo Dieese Pará. No balanço nacional, Belém registrou a 2ª maior alta de preço nos dados do ano de 2023 e também dos últimos 12 meses.
No mês de maio, o custo médio da cesta básica do paraense ficou em R$ 669,80 e apresentou alta de 1,37% em comparação ao mês de abril deste ano. Ainda em maio, para garantir os alimentos da cesta básica na mesa da família, o trabalhador paraense precisou comprometer mais da metade do novo salário mínimo, cerca de 54,86%, de R$ 1.320,00. O levantamento indica que o consumidor teve que trabalhar 111 horas e 38 minutos das 220 horas previstas em Lei.
O estudo ainda aponta que no mês passado, os produtos básicos para a alimentação que apresentaram as maiores altas de preços foram: tomate, com reajuste de 9,90%; seguidos do leite, com alta de 4,80%; feijão com alta de 2,48%; manteiga com reajuste de 1,37% e a farinha de mandioca, com alta de 0,40%. Já os alimentos que apresentaram recuo no preço são óleo de soja, com queda de 12,30%; arroz com queda de 6,84%; seguido de açúcar, apresentando recuo de 1,22%; carne bovina com queda de 1,09%, café com 1,08% e, por fim, a banana com recuo de 0,11%.
INFLAÇÃO
A pesquisa também ressalta que os reajustes registrados no preço da cesta básica continuam elevados e bem acima da inflação calculada tanto para este ano, de janeiro a maio de 2023, como também para os últimos 12 meses. No mês passado, o valor total do conjunto de alimentos básicos apresentou recuo em 11 das 17 capitais onde o Dieese realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.
Diante do peso no bolso só com a alimentação, os consumidores da capital estão se equilibrando para garantir que nada falte à mesa. Algumas dicas de economia nessa hora passam, por exemplo, em ficar de olho nas promoções e ofertas em redes de conveniência, supermercados e lojas. Experimentar novos produtos também entram no “checklist da economia”, ou seja, não tenha receio de mudar de marcas e experimentar, inclusive as mais baratas. E, claro, faça pesquisas de preço e escolha bem o estabelecimento onde você vai efetuar a compra.
Quem sabe bem o que fazer quando o orçamento aperta é o aposentado Raimundo Nascimento, de 62 anos. “Olha, eu vou só diminuindo as quantidades, reduzindo o arroz, o café, açúcar, pão. Agora na parte das proteínas, vou alternando entre carne vermelha e branca, para fazer um balanço no orçamento, tudo para chegar no fim do mês com o saldo positivo”, disse.
Variar a marca é uma estratégia que muita gente anda usando, inclusive a funcionária pública Ecy Ferreira, 65. Com caneta e papel na mão, ela diz que pesquisar o menor preço e experimentar produtos novos são artifícios muito usados para dar conta de tudo o que é preciso em relação a alimentos básicos. “Eu que faço as compras em casa então sei como organizar, troco de marca, pesquiso para não passar batido e vou selecionando o que vai e o que não vai”, pontua.
A enfermeira Kátia Sobrinho, 55, destaca que percebe a diferença do poder de compra antes e depois da pandemia. “As coisas estão caras e a gente faz o supermercado mensal, eu acho que economiza mais assim. Para não ficar sem proteína, a gente vai variando entre carne vermelha, branca e ovos. Ah, reduzir a quantidade de produtos também é algo a se fazer”.
Muitas famílias não podem ficar sem o feijão na refeição, como é o caso da família da vendedora Marcela Siqueira, 32. Para driblar a alta no preço e manter o alimento na cesta básica, ela também varia a marca do produto. “Todo o dia a gente almoça feijão, não tem como ficar sem. Então, eu estou aqui pesquisando qual o melhor para levar. Tem dias que levo o cavalo claro, outro dia o carioquinha e assim vai”.