Cintia Magno
O surgimento de uma demanda urgente e inesperada pode ser o início de uma situação de descontrole do orçamento familiar. Para evitar que isso ocorra, o ideal é manter o que os especialistas chamam de reserva financeira emergencial. Estratégia que, com organização, pode ser adotada até mesmo por quem tem dívidas a quitar.
O contador e professor de finanças, Luiz Paulo, explica que a reserva financeira emergencial é um passo muito importante porque ela previne possíveis imprevistos que podem acontecer diante da necessidade de se fazer uma reforma emergencial, um tratamento de saúde ou algum gasto pessoal imprevisto. “A reserva tem essa importância porque ela evita e previne imprevistos financeiros no dia a dia das pessoas, que é o que começa a desencadear o descontrole das finanças”.
Quando se trata de definir quanto guardar por mês para formar essa reserva, é preciso considerar a realidade financeira de cada pessoa ou família, já que algumas pessoas têm capacidade financeira de gerar um bom percentual de reserva e outras têm uma capacidade bem menor.
Nos casos em que é possível, o ideal é separar, a cada mês, de 10% a 30% da receita para ir formando a reserva emergencial. “Com relação ao volume da reserva financeira, é recomendado que você tenha guardado, no mínimo, recursos suficientes para cobrir todos os seus gastos fixos e variáveis pela média dos próximos seis meses”, aponta Luiz Paulo.
“Em seis meses você consegue, por exemplo, se você perder o emprego, se recolocar no mercado. Ou se você teve algum imprevisto relacionado à saúde, em seis meses você consegue depois se reorganizar”.
Confira dicas
o professor dá algumas orientações que podem ajudar a iniciar uma reserva financeira emergencial. Confira!
1 – Defina um objetivo.
O contador e professor de finanças, Luiz Paulo, aponta que o primeiro passo para iniciar uma reserva financeira é definir um objetivo que pode ser, justamente, a meta de manter essa reserva. A partir daí a pessoa vai perseguir o seu objetivo. “O primeiro passo é estabelecer esse objetivo porque quando as pessoas não estabelecem um objetivo ou uma proposta financeira, elas iniciam e depois não cumprem. Então, o estabelecimento de um objetivo é um primeiro passo, eu vou organizar as minhas finanças e definir a minha reserva é emergencial”.
2 – Faça uma análise atual das suas finanças.
O segundo passo é fazer uma análise atual das finanças. É preciso analisar o que se tem de supérfluo e que pode ser cortado; o que se tem de gastos essenciais, mas que estão em excesso e que podem ser reduzidos. A partir daí, com essa redução dos gastos, dado que o salário normalmente é fixo, a pessoa começa a criar condições para iniciar a sua reserva emergencial.
3 – Busque outras fontes de renda.
Além de cortar ou reduzir gastos, o professor Luiz Paulo aponta que é recomendável buscar outras fontes de renda. Se a pessoa tiver outras habilidades profissionais, é possível ter uma segunda fonte de renda. Um contador de uma empresa, por exemplo, pode prestar serviços para outras empresas como consultor independente, ou ele pode ministrar aulas em uma faculdade particular, etc.
4 – Crie um orçamento.
Luiz Paulo destaca que a figura do orçamento é muito importante porque, nele, é possível definir o que a pessoa irá receber e já definir o que vai gastar e o que vai sobrar. Feito isso, é preciso seguir à risca, de forma disciplinada, aquele planejamento e só gastar o que está no orçamento. “Nada de entrar em uma loja e comprar uma roupa que não estava no orçamento, nada de sair com os amigos e, no embalo, gastar o dinheiro que seria para outra coisa porque é preciso estar focado no estabelecimento do objetivo que é montar a reserva financeira emergencial”, considera o professor de finanças.
5 – Organize as suas dívidas.
Para quem já está em uma situação mais complicada, com dívidas a pagar, também é possível se organizar para fazer a reserva emergencial e, ao mesmo tempo, ir saldando as suas dívidas. “É o que a gente chama de virada de chave”, aponta o professor Luiz Paulo. “Esse caso é o momento mais crítico porque a pessoa tem a dívida, ela sabe que precisa de uma reserva, mas ela não consegue virar essa chave e isso traz alguns problemas até psicológicas para a pessoa”.
Nesses casos, para quem está em uma situação crítica de endividamento, o primeiro passo é fazer o levantamento de todas as suas dívidas e organizá-las. É preciso verificar aquelas dívidas que são passíveis de negociação, em que a pessoa pode renegociar inclusive pedindo mais prazo para que se reduza o volume da parcela e, a partir daí, se comece a ter fôlego financeiro não só para cuidar de outras coisas, mas também para tentar montar a sua reserva financeira e ir pagando as suas dívidas.
“Tem a opção também de você organizar todas as suas dívidas, que com certeza tem várias taxas de juros, e centralizar elas em uma única dívida que seria um empréstimo. Você capta esse recurso, quita todas as suas dívidas, e passa a pagar uma única taxa, um único valor mensal para o banco”, aponta.
“É o primeiro passo para virar a chave, ter mais organização e sair do ciclo vicioso de dívidas e entrar no ciclo virtuoso da poupança e da reserva financeira. Agora, tem que ter muita disciplina porque tem muita gente que tem dívidas, renegocia, se organiza e no mês seguinte começa a gastar de novo”.
6 – Reponha a reserva financeira depois de utilizá-la.
Quando chegar um momento de emergência ou imprevisto, a pessoa deve, com tranquilidade, fazer uso de parte ou mesmo do total da reserva financeira que ela manteve. Porém, posteriormente, ela deve se preocupar em refazer essa reserva para eventuais imprevistos futuros.