O Jogo do Tigrinho viralizou em 2023. Muita gente se viu seduzida pela plataforma colorida que oferecia diversão, distração e promessa de dinheiro fácil, com ganhos financeiros significativos. Mas a fama da plataforma não se limitou só a isso.
No mesmo ano, o jogo também virou caso de polícia e ganhou o noticiário do país ao levar youtubers e influenciadores digitais à prisão pela campanha de marketing agressiva para promover a plataforma, considerada atividade ilegal. As investigações ocorreram em diversos estados e todas apontaram para o mesmo resultado: essas pessoas desempenhavam o claro papel de aliciadores, incentivando mais e mais seguidores a entrar no jogo, já que o mero cadastro lhes rendia dinheiro.
Enquanto os influenciadores enchiam a conta bancária dessa forma, os jogadores não tinham o mesmo saldo positivo. Dívidas, distanciamento social e até problemas sérios de depressão estão associados ao jogo. Entenda aqui o que é o Jogo do Tigrinho, como funciona, os riscos dessa prática e por que é proibido no Brasil.
O que é o Jogo do Tigrinho
Jogo do Tigrinho é o nome que tornou conhecido o Fortune Tiger, espécie de cassino que simula máquinas caça-níqueis no ambiente online.
A dinâmica já é conhecida e aparentemente simples: é preciso alinhar três símbolos idênticos (como frutas, barras e sinos) em três linhas e, se a combinação aparecer, a promessa envolve ganhos substanciais.
Além disso, as rodadas bônus, que o jogo aciona aleatoriamente, prometem multiplicar o valor da aposta por dez.
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Por que o Jogo do Tigrinho é legal
O Jogo do Tigrinho é um tipo de jogo de azar, que recebe esse nome porque o ganho ou a perda de dinheiro dependem da sorte, e não do desempenho do jogador. Dessa forma, são considerados uma forma de exploração financeira, proibida no Brasil desde a década de 1940.
Porém, nem todos os jogos de azar são proibidos no país. Para funcionar, cada modalidade precisa de uma autorização prévia e oficial do governo. É o que acontece com as loterias, como a Mega Sena. Cassinos, bingos e caça-níqueis não têm essa autorização.
No caso do Jogo do Tigrinho, a permissão também não existe. Por isso, trata-se de uma prática ilegal que também pode ser enquadrada como crime de contravenção penal. Quem joga e quem oferece o serviço podem ser penalizados com 3 meses a 1 ano de prisão e multa que pode chegar a R$200.000.
A ausência de regulamentação, no entanto, não impede que as pessoas procurem os jogos de azar, deixando muita gente no prejuízo. Por isso, o Brasil já vem discutindo a legalização da prática. Embora o caminho ainda seja longo, muitos especialistas acreditam que essa seria a melhor forma de evitar golpes na internet, já que traria proteção legal aos usuários e responsabilidade civil aos criadores.
A regulamentação também traria regras e estratégias para os jogos de azar, o que poderia tornar a prática mais responsável e levar jogadores e plataformas a manter uma boa relação, inclusive com o uso de ferramentas capazes de identificar e monitorar comportamentos compulsivos ou potencialmente patológicos.
Fui lesado: o que fazer?
Existem inúmeros relatos de pessoas que jamais conquistaram os ganhos financeiros prometidos pelo Jogo do Tigrinho. Pelo contrário. Há quem se endividou com a plataforma, gastou todas as economias e até se afastou dos familiares e amigos.
E mesmo quando a pessoa se sente lesada e acumula prejuízos, não há muito o que possa ser feito por ela. Segundo a polícia, a plataforma em questão é hospedada fora do país e não possui registro ou representantes no Brasil – o que não chega a ser algo incomum, em razão da proibição brasileira. Essa tática, porém, não acontece por acaso: sediar-se em países onde a prática é permitida faz com que essas empresas sejam quase inalcançáveis pelo Judiciário brasileiro. Geralmente são paraísos fiscais, onde não existe acordo de extradição.
Com isso, o jogador que se sentiu lesado dificilmente conseguirá algum tipo de reparação, por exemplo. Até existe a possibilidade de questionar a empresa no Procon e levar a questão à esfera criminal, mas, ainda assim, é difícil obter algum reembolso financeiro das perdas financeiras.
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Os riscos do Jogo do Tigrinho
A falta de regulamentação do Jogo do Tigrinho deixa seus adeptos vulneráveis a prejuízos. Não só as chances de ganhar são muito pequenas, como o único beneficiário costuma ser aquele que faz o gerenciamento da plataforma.
O consumo de jogos online pode levar ao vício, já que eles são propositalmente desenvolvidos para manter os jogadores presos na trama. Isso pode levar ao isolamento social, à queda no desempenho profissional e escolar e a inúmeros problemas de saúde física e mental.
A situação se agrava por se tratar de uma plataforma barata, de fácil acesso, democrática e de baixa complexidade, o que atrai pessoas de qualquer faixa etária e classe social.
- Por isso, é importante ficar atento a certos comportamentos que podem levar ao vício e ao endividamento. Por exemplo:
- ● gastar além do orçamento previsto;
- ● passar a se sentir ansioso demais ou culpado quando perder;
- ● jogar ainda mais para tentar recuperar a quantia perdida;
- ● ter pensamentos constantes com o jogo;
- ● esconder as perdas financeiras ou outras informações dos familiares.
Fonte: Serasa