Ana Laura Costa
Em março deste ano, o governo federal autorizou o reajuste máximo de 5,6% nos preços de medicamentos, um aumento que refletiu em aproximadamente dez mil medicamentos. Os consumidores que fazem uso continuado de remédios são os que mais sentem o reajuste no final do mês.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os gastos mensais com medicamentos comprometem 30% da renda familiar dos brasileiros, o que obriga famílias como a da cabeleireira Gorette Bastos, de 54 anos, a fazer malabarismos para dar conta de custear os remédios necessários e arcar com outras despesas fixas.
Em uma farmácia localizada no interior de um supermercado, na avenida Duque de Caxias, em Belém, Gorette acompanhava a mãe, que tem glaucoma, na compra de colírios para reduzir a pressão intraocular. Ela contou que, mensalmente, a genitora gasta por volta de R$200,00, já que faz uso diário do medicamento e precisa repor assim que acaba.
“Para nós, que somos proletários, é difícil manter, né? Só um colírio está custando R$87,00, imagina só! Temos que fazer malabarismo para dar conta. Meu marido também precisa desse medicamento e consegue retirar no Hospital dos Olhos, em Ananindeua, mas e quem não tem condições e depende do SUS que vez ou outra os medicamentos estão em falta?”, questiona.
O motorista rodoviário Ramiro Dias, 46, também compartilha do mesmo sentimento. Hipertenso, todos os meses ele retira gratuitamente o anti-hipertensivo nas farmácias credenciadas no programa Farmácia Popular, o que alivia bastante o orçamento familiar. Mas Ramiro também ajuda o pai, que é diabético, na compra dos medicamentos quando estes estão em falta no programa, o que pesa muito no bolso no fim do mês.
“Temos outras despesas, também ajudo a pagar o aluguel do meu pai e no final do mês tudo isso pesa no orçamento. Porque a gente não pode simplesmente parar de usar o medicamento, né? Mas a gente também precisa comer, vestir, calçar, enfim. Então acabamos tendo que dar um jeito para dar conta de todas as necessidades. Felizmente tem esse programa, o que alivia muito não só para mim, mas para a população mais carente. Quebra uma árvore!”, ressalta.
ECONOMIZE
l Comparar os preços é uma dica antiga mas válida e recomendada até mesmo pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Para economizar, o instituto recomenda que o consumidor deve pesquisar em sites ou lojas físicas para encontrar remédios com descontos e promoções, já que os valores podem sofrer uma grande diferença. Optar por genéricos e buscar por programas de descontos também são umas das opções para reduzir os custos com medicamentos.
Confira outras dicas:
1. Gratuidade para algumas enfermidades
O Programa Farmácia Popular, mantido pelo Ministério da Saúde, garante o acesso gratuito a medicamentos de alto custo para doenças como asma, diabetes e pressão alta. Para enfermidades como osteoporose, Parkinson e glaucoma, o programa subsidia até 90% do preço dos medicamentos. Tanto os pacientes que dispõem de planos de saúde quanto os que têm cadastro (e carteirinha) do Sistema Único de Saúde (SUS) podem usar esse benefício.
2. Remédios gratuitos para cadastrados no SUS
O Sistema Único de Saúde também possibilita que pessoas cadastradas acessem gratuitamente ou de maneira subsidiada os remédios dos quais fazem uso. Os medicamentos devem estar listados na chamada Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), que traz os remédios mais utilizados para diversas doenças. Para conseguir o benefício, é necessário ter a carteirinha do SUS.
3. Economia com genéricos
A lei que autoriza e regula a comercialização de medicamentos genéricos está em vigor há mais de duas décadas e, nesse período, trouxe muitos benefícios para os brasileiros. Ainda assim, muita gente não tem o costume de perguntar ao médico se existe medicamento genérico para o tratamento. Adquira esse hábito e, ao passar em consulta, cheque com seu médico se o remédio que você precisa está disponível na versão genérica.
4. Descontos para quem tem plano de saúde
Se você tem plano de saúde, pergunte na farmácia que costuma frequentar se ela tem convênio com a sua operadora. Muitas seguradoras mantêm parcerias com redes farmacêuticas para oferecer descontos em medicamentos. Além disso, muitas redes de farmácia mantêm seus próprios programas de descontos e fazem a comparação, na hora da compra, do que vale mais a pena para o consumidor.
5. Programa de descontos em laboratórios
Concentrar esforços em pesquisa pode render uma boa economia na compra de remédios. Isso porque é bastante comum encontrar laboratórios farmacêuticos que têm seus próprios programas de descontos voltados a medicamentos de uso contínuo. Faça uma pesquisa na internet, coloque na busca o nome da empresa + programa de descontos. Outra opção é entrar em contato com a central de atendimento para checar se a empresa tem um programa de desconto.
Fonte: Meu Bolso em Dia – Febraban