ECONOMIA

Queda no preço da carne bovina foi pouco notada em feiras da capital

O quilo de cortes como coxão mole/chã, cabeça de lombo e paulista, apresentou uma redução de 0,14% entre julho e agosto de 2024, passando de R$36,17 para R$36,12, diz o Dieese

Aurélio Hernandes, 68, feirante. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Aurélio Hernandes, 68, feirante. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

O preço da carne bovina, em Belém, teve queda pelo segundo mês consecutivo, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), divulgado na quarta-feira (11). O quilo de cortes como coxão mole/chã, cabeça de lombo e paulista, apresentou uma redução de 0,14% entre julho e agosto de 2024, com o kg passando de R$36,17 para R$36,12. Apesar da leve queda, o valor do produto ainda é uma preocupação para o bolso, tanto para os vendedores quanto consumidores.

Na manhã de ontem (12), o DIÁRIO percorreu alguns boxes de açougues em feiras da capital paraense para entender como essa redução é percebida por açougueiros e consumidores; e reuniu os preços encontrados, que revelam o kg de coxão mole, assim como a cabeça de lombo, variando de R$32 a R$37, enquanto o kg da paulista pode ser encontrado por valores entre R$28 e R$32.

Para o açougueiro Aurélio Hernandes, de 68 anos, que trabalha há 45 anos no Mercado da Bandeira Branca, localizado no bairro do Marco, a queda de preço pouco foi observada em relação aos preços dos fornecedores.

Ele compartilha que a queda no fornecimento quase nunca passa de R$1,00. “Nós é que baixamos o preço mesmo para não perder mercadoria; afinal, é alimento e, para nós, não é ideal ficar com a mesma carne por muitos dias. A paulista, por exemplo, que era vendida a R$34, agora está R$28. A chã, que era R$37, hoje está sendo vendida a R$ 32”, explicou.

O cenário descrito por Aurélio reflete a dificuldade em repassar aumentos para os consumidores. “A carne de bife é a que mais vende, mesmo com o preço alto. Hoje, vendemos a chã e a cabeça de lombo por cerca de R$32. A nobre, como a alcatra, já sai por R$38 o kg. Peito com osso a R$18 e sem osso por R$25”, detalha o açougueiro.

Adejair Freitas, de 72 anos, que trabalha na Feira da Pedreira há mais de quatro décadas, realiza reposição de carne todos os dias, sempre de dois fornecedores. Ele conta que notou a oscilação nos preços, só que para um aumento. Para ele, ambos os kgs de coxão mole e da cabeça de lombo custam R$33, e a paulista R$30. “Na semana passada, o preço aumentou 50 centavos no kg da carne traseira. O que mais vendo aqui é coxão mole e alcatra. O kg da alcatra está saindo por R$ 38”, afirmou.

Adejair Freitas, 72, açougueiro. De acordo com o levantamento do Dieese/PA, pelo segundo mês consecutivo (julho e agosto), a carne bovina teve um leve recuo no preço do quilo. Os cortes do quilo de coxão mole/chã, cabeça de lombo e paulista, consumidos pelos paraenses e comercializados em feiras livres. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

BAIXA

Ao lado, para o empreendedor Wellerson Pinheiro, de 27 anos, a baixa de preços não foi perceptível nos meses destacados no levantamento. “Entre janeiro e fevereiro, houve uma queda de entre R$0,50 e R$1,00 no kg, mas de lá pra cá, não notei mais redução”, comentou. Ele ainda destacou que os cortes mais procurados no seu box são a alcatra, vendida a R$40, e carnes de segunda, como agulha, pá e peito, que custam R$20 o kg/cada.

Para consumo, a percepção é de que a queda nos preços não alivia tanto o orçamento. “Está caríssimo. Eu sempre compro carnes mais baratas como uma opção, como pá e agulha, mas até elas estão pesando no bolso”, diz o aposentado Almir Silva, 65. Para ele, que estava na feira da Pedreira, a alta no preço da carne é um problema que impacta diretamente sua rotina de compras também no bairro em que mora, no Conjunto Satélite.

Wellerson Pinheiro, 27, Açougueiro. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

COMPARATIVO

l Nos últimos meses, o preço da carne bovina em Belém tem mostrado uma leve variação. Em agosto de 2023, o kg do produto foi comercializado, em média, a R$36,28. Já em dezembro do mesmo ano, o preço médio subiu para R$36,51. No início de 2024, em janeiro, o kg da carne atingiu R$37,12, e em julho, apresentou uma queda, sendo vendido a R$36,17. Em agosto deste ano, o preço recuou para R$36,12. No comparativo, segundo o balanço, ao longo de 2024 o produto acumula uma queda de 1,07%, e em relação ao mesmo período do ano passado (agosto/2023-2024), a redução foi de 0,44%.

l Apesar dessas reduções, os recuos não são significativos o suficiente para aliviar o impacto no orçamento familiar. Considerando o salário mínimo atual de R$1.412,00, o valor de uma diária de trabalho, cerca de R$47,00, não é suficiente para comprar nem dois kgs de carne, que custa em média R$36,12 o kg. O departamento também aponta que, em agosto, o trabalhador paraense precisou gastar aproximadamente R$162,00 para adquirir 4,5 kgs de carne bovina, o que representa 12% do salário mínimo.

l A explicação para a estabilidade dos preços nos últimos meses está na oferta e procura, segundo o Dieese, que apontou que a produção de carne bovina no mercado interno tem contado com insumos mais equilibrados. Entretanto, fatores climáticos, como queimadas e secas podem impactar esse cenário, resultando em aumentos no futuro.

FONTE: DIEESE