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Quatro em cada dez brasileiros estavam negativados em julho

quatro em cada dez adultos brasileiros, cerca de 41,25% da população, estavam negativados em julho de 2024
quatro em cada dez adultos brasileiros, cerca de 41,25% da população, estavam negativados em julho de 2024 Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

O cenário da inadimplência no Brasil continua a se agravar, refletindo na vida de milhões de brasileiros. De acordo com um levantamento divulgado na quinta-feira (15) pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quatro em cada dez adultos brasileiros, cerca de 41,25% da população, estavam negativados em julho de 2024. Isso significa que 67,98 milhões de consumidores enfrentam dificuldades financeiras, um aumento de 0,38% em relação ao mesmo período de 2023.

Dados mostram que a maior parte dos devedores está na faixa etária de 30 a 39 anos, representando 23,67% do total. Além disso, as mulheres respondem por 51,20% dos inadimplentes, enquanto os homens representam 48,8%. Em termos regionais, a região Norte apresenta o maior percentual de inadimplentes, com 6,18 milhões (45,10%) da população adulta negativada; seguida da região Nordeste, com 18,53 milhões (42,62%) de aumento de dívidas. Por outro lado, na região Sul, a proporção de negativados equivale a 8,99 milhões (37,46%) da população adulta.

Essa crescente taxa de inadimplência é um reflexo das dificuldades enfrentadas no cotidiano, especialmente entre aqueles que realizam verdadeiros malabarismos para arcar com suas despesas básicas. O impacto desse endividamento não é apenas financeiro, afetando também a saúde mental e o bem-estar.

INADIMPLENTES

Walter Moreira de Souza, 60 anos, autônomo no ramo de acessórios, é um dos muitos que lidam com essa realidade. “Eu durmo pensando em pagar conta no outro dia, nem trabalho agora para usufruir, trabalho para pagar conta”, desabafa Walter, que há seis meses luta para equilibrar as contas.

Com uma renda mensal de um salário mínimo, ele ainda precisa sustentar seu neto e, apesar dos esforços, vê suas dívidas, que começaram com o uso do cartão de crédito, acumulando-se a cada mês. “A única coisa que está ao meu alcance, no momento, é pagar o valor mínimo da fatura. Como uma meta pessoal, espero conseguir quitar essa dívida até o final do ano”, complementa.

Julio Benjamin, de 52 anos, vendedor ambulante, ilustra a luta diária de muitos que, assim como ele, enfrentam dívidas com cartões de crédito e lojas. Para ele, foi no período da pandemia da Covid-19 que conseguiu quitar grande parte das dívidas. Apesar dos desafios, conseguiu aproveitar o programa do governo para renegociar as contas.

No entanto, os 20% restantes ainda pesam em sua consciência, mesmo que ele evite pensar muito sobre isso para não agravar sua saúde. “Há 10 anos tenho uma dívida com o banco relacionada a cartão de crédito. Na época, só usei mesmo porque não tinha outra saída. Hoje, se eu for pensar, vou ficar mais doente do que já sou, já tenho a saúde debilitada com os problemas de diabetes; então deixo na mão de Deus. Em algum momento vou conseguir quitar tudo”, conta.