Em agosto, pela segunda vez neste ano, mais da metade dos alimentos que compõem a cesta básica apresentou recuo de preços na capital paraense. O destaque fica por conta do tomate, com queda de 9,79%; seguidos do feijão (4,68%), banana (2,87%), manteiga (1,50%), açúcar (1,49%), farinha de mandioca (1,10%) e arroz (1,07%).
Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), e apontam ainda que, apesar do recuo no preço dos itens, nos meses de julho e agosto, o balanço realizado de janeiro até o mês passado mostra que o custo da cesta básica continua caro e compromete mais da metade do atual salário mínimo, de R$1.412,00. A alta acumulada é de 3,02% maior que a inflação calculada em 2,95% para o mesmo período.
Alguns consumidores afirmam sentir o impacto no bolso, ao sinal de qualquer mínima redução nos preços dos alimentos. É o caso do autônomo Nelson Andrade, de 64 anos. “Já percebi a diferença nos preços do tomate e feijão, e aproveito para comprar em maior quantidade. Um real que você economize já dá para comprar o pão”, disse.
A cuidadora Genilde Costa, 49 anos, também reforça: “Tenho notado a diferença sim, ainda mais que faço compras mensais para casa, a maioria dos alimentos deu uma boa reduzida”, disse. Mas para o consumidor de 71 anos, que prefere ser chamado de ‘Niki’, essa redução nos preços não é perceptível. “Está a mesma coisa. Inclusive, a minha estratégia para economizar é fazer compras em lugares diferentes, porque o que é mais caro aqui, pode ser barato em outro lugar”.
Na pesquisa nacional realizada pelo Dieese, também no mês de agosto, pela segunda vez, todas as capitais pesquisadas apresentaram recuos no custo total da cesta básica de alimentos. Belém ocupa a 10ª posição com o maior custo total. Mas a queda observada até o mês passado pode sofrer influência de eventos climáticos como a estiagem e o aumento na conta de energia, ressalta o levantamento do Dieese Pará.
De acordo com o supervisor técnico do Dieese Pará, Everson Costa, esses dois fatores além de influenciar na alta dos preços da cesta básica, podem contribuir negativamente para o reajuste dos combustíveis. “O combustível vai ser impactado porque vai demorar mais tempo para a distribuição desses alimentos na região Norte. As queimadas também afetam a produção de alimentos. Ainda que pequena dentro do Pará, a estiagem pode atingir não só a oferta da farinha de mandioca, como o plantio”.
Alta
A pesquisa do Dieese Pará demonstrou também que ao longo deste ano, produtos como o café, tiveram alta acumulada de 25,34%, seguidos do arroz (19,61%), banana (11,40%), leite (7,53%), farinha de mandioca (4,14%), óleo de soja (3,32%), manteiga (3,31%) e tomate (2,98%).