REAJUSTE

Preço dos remédios será reajustado em até 5% a partir de terça-feira

Medicamentos prescritos, tarjados e de uso contínuo serão os mais impactados.

Dona Maria das Graças conta que sua renda não dá para comprar os remédios e recebe alguns deles de forma gratuita por meio de políticas públicas
Dona Maria das Graças conta que sua renda não dá para comprar os remédios e recebe alguns deles de forma gratuita por meio de políticas públicas FOTO: Antonio melo

Os preços dos medicamentos em todo o país vão ser reajustados em até 5,06% a partir da próxima terça-feira (1º). Esse percentual funciona como um teto para as farmacêuticas e foi aprovado pela Câmara de Regulação de Medicamentos (CMed). Ele corresponde à inflação medida pelo IPCA em 12 meses encerrados em fevereiro.

A resolução com a autorização do reajuste ainda precisa ser publicada no Diário Oficial da União. Está faltando apenas a assinatura do conselho de ministros. A informação é da Agência O Globo.

De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira de Comércio Farmacêutico (Abcfarma), Rafael Oliveira Espinhel, o reajuste ocorre como efeito para corrigir e possibilitar a adequação das despesas operacionais à inflação do período, tanto para o setor da indústria como do varejo farmacêutico. Este ano, o percentual de reajuste previsto é inferior comparado aos últimos sete anos e abaixo do valor da inflação. Os medicamentos prescritos, tarjados e de uso contínuo, independente da natureza, seja de referência, genérico ou similares, serão os maiores impactados pelo reajuste. Já os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), que podem ser comprados sem receita médica, não sofrerão reajuste por não ter o seu preço controlado pelo órgão público.

“Tem algumas classes de medicamentos que não sofrerão reajuste. São os Medicamentos Isentos de Prescrição, que não têm o preço controlado pelo órgão público, são liberados no controle de preços. Os demais medicamentos, por prescrição, tarjados, incidem os reajustes sobre eles, independente da sua natureza, seja medicamento de marca, de referência, genéricos ou similares. Nesse caso, os medicamentos de doenças crônicas, diabetes, hipertensão, asma, terão impactos em relação ao reajuste. Tem também o Ozempic, que hoje é um medicamento com maior nível de vendas no país”, esclareceu o presidente executivo da Abcfarma.

Segundo Luiz Carlos Silva, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon PA/AP), o aumento no preço dos remédios afeta, principalmente, pessoas de baixa renda, que recebem até um salário mínimo, além de idosos e aposentados que, geralmente, são o público que mais consome os medicamentos controlados para fins de pressão alta, diabetes e outras condições de saúde.

“Qualquer aumento é prejudicial, principalmente quando atinge pessoas que mais precisam, que geralmente são idosos e aposentados. Se essa previsão se confirmar, o aumento fica bem abaixo do índice de reajuste do salário mínimo, isso pode ser visto com uma vantagem. Mas o impacto desse reajuste em pessoas que têm menor poder aquisitivo sempre será maior. Se receber um salário mínimo, esse impacto é mais significativo porque essa pessoa já tem que lidar com o reajuste dos alimentos, do transporte, coisas essenciais e que, normalmente, sofrem reajuste a cada ano”, explica o economista.

Conforme os dois especialistas, a recomendação é que o consumidor faça uma pesquisa de mercado para encontrar um preço mais compatível ao orçamento. “É recomendável que os consumidores façam pesquisa de mercado, questione as farmácias sobre programas de benefícios para poder viabilizar um desconto sobre esses medicamentos. Em alguns casos, há a possibilidade de verificar se aquele medicamento está disponível em programa público de saúde, como o Farmácia Popular”, orientou Espinhel.