Para muitos, o café é um dos itens indispensáveis durante a primeira refeição do dia. Porém, com a alta nos preços, está cada dia mais difícil para os consumidores manter o produto na cesta básica. De acordo com pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), os reajustes registrados, em relação ao início do ano, superam mais que o dobro a inflação, encerrando o 1º semestre de 2024 com um aumento de 18,00%.
“Estou olhando os valores na expectativa de achar um café mais em conta, mas o preço simplesmente disparou de um dia para a noite. Tá sem condições de manter a qualidade”, conta Luci Maria, auxiliar de cozinha.
Moradora do bairro da Pedreira, a profissional expõe que já precisou cobrar mais caro na hora de reofertar as refeições derivadas do produto. Mas, em certos momentos, opta por abrir mão de algum outro item para equilibrar o preço e repassar um valor acessível aos seus clientes.
“Nem sempre tenho como evitar comprar produtos caros, e às vezes isso pesa no bolso do cliente. Mas sigo consciente que não posso elevar os preços assim, descontroladamente, justamente porque não quero prejudicar e nem perder os meus clientes.
Como estratégia para tentar fugir dos preços elevados, a alternativa é frequentar mais de um supermercado. “Eu tenho que pesquisar muito antes para ver onde está mais em conta e poder comprar as minhas coisas. Comecei a ir em até três supermercados antes de comprar qualquer produto, só assim para manter os preços estáveis”, afirma.
Em dezembro de 2023, o quilo do café estava sendo comercializado, em média, a R$ 34,97. Já na metade deste ano, em junho, o preço saltou para R$41,16. Neste ano de 2024, pelo sexto mês consecutivo, o custo da cesta básica dos paraenses ficou 7,77% mais caro, superando, também, a inflação estimada de janeiro a julho, que era de aproximadamente 2,5%.
“Sinto que toda vez que eu venho aqui é um preço diferente. Está tudo caro e não bate com o piso salarial atual. Às vezes eu olho para o lado e para o outro e não vejo alternativa, acabo optando por não levar o produto, mas isso nem sempre dá para fazer, tudo é tão essencial para compor a mesa”, relata Andresa de Oliveira, guia turística.
Para a profissional, uma das alternativas é recorrer a uma substituição dos produtos. “O que eu posso fazer eu faço e hoje eu escolhi não levar o café e optar pelo suco. Pretendo fazer isso com os demais produtos, até as coisas se estabilizarem”, afirma.
O Diesse esclarece que para uma família padrão belenense, composta por dois adultos e duas crianças, o custo da cesta básica alcançou R$ 2.086,74 em junho, o que exige, aproximadamente, 1,47 salário mínimo para cobrir apenas as necessidades alimentares básicas, conforme o valor atual do salário mínimo, que é de R$ 1.412.