Preço do azeite assusta consumidores paraenses

Ana Laura Costa

Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, apontam que, de 2020 até este ano, o azeite de oliva ficou 44,23% mais caro. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) também aponta que, só no ano passado, o aumento chegou a 24,7%.

Num supermercado da capital, situado na avenida Duque de Caxias, os preços do produto variam conforme a marca e o tamanho. A garrafa de 500 ml, por exemplo, pode ser encontrada entre R$ 21,55 e R$ 117,75. Já a garrafa de 200 ml, custa entre R$ 9,79 e R$ 34,98.

A doméstica Arlete Porto, 33 anos, e o esposo Michael Solane, 44, comentam que para equilibrar as contas e não deixar de consumir o produto, trocar de marca tem sido essencial. “O preço do azeite que nós consumimos está ‘salgado’, então, para não deixar faltar em casa, porque consumimos muito, estamos trocando pela marca mais em conta. É nossa estratégia para continuar comprando sem pesar muito no bolso, né?”, diz Arlete.

Outros consumidores preferem continuar comprando da mesma marca por confiar na qualidade e segurança do produto que está sendo comercializado. É o caso da aposentada Francisca Carvalho, de 84 anos. “Porque consumo dessa marca há muito tempo, em casa não entra outro tipo de azeite. Está pesando no bolso sim, mas já sou idosa, não posso estar arriscando tanto no que se refere à qualidade dos produtos. Então, o jeito é ir fazendo um esforço financeiro”, afirma.

FATORES

De acordo com a análise do supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese Pará), Everson Costa, o preço do azeite de oliva pode variar significativamente por fatores como qualidade, origem, método de produção e demanda de mercado. Além disso, as condições climáticas, sazonalidade da colheita e flutuações cambiais também podem influenciar nos valores.

“Os preços também podem variar de acordo com a região e o país de origem. Por exemplo, os azeites de oliva produzidos em países do Mediterrâneo, como Espanha, Grécia e Itália, geralmente têm uma ampla gama de preços, dependendo da marca, qualidade e variedade”, explica.

“Também estamos falando de produção de alimentos no Pará, no Brasil e no mundo que estão sofrendo com as variações climáticas. Então, é importante enfatizar isso porque também interfere na formação de preço do produto”, completa.

Ainda segundo o supervisor técnico, o impacto da alta nos preços vai para além da mesa, do consumo doméstico, já que o trabalhador assalariado compromete quase 10% do próprio salário mínimo, dependendo do tipo de azeite.

“A gente não enxerga, pelo menos até aqui, nenhum movimento de queda, pelo contrário, estamos falando da manutenção desses preços por um ou mais de dois meses. Os supermercados também estão buscando a variedade de fornecedores, para manter o produto no seu mix de ofertas ao cliente, buscando um que coloque um preço mais em conta”, afirma.

Nas prateleiras, consumidores avaliam comprar o mais barato, como Michael Solane (abaixo) FOTOs: ricardo amanajás