Irlaine Nóbrega
Os preços de alimentos que compõem a cesta básica ficaram mais caros pelo terceiro mês consecutivo. O primeiro trimestre do ano acumulou alta de 3,42%, o que supera a inflação estimada de 1,8% para o mesmo período (veja mais no box). A farinha de mandioca, manteiga, banana, arroz e o café foram os itens que apresentaram maior alta em março.
Com a instabilidade no preço dos principais carboidratos, como arroz e feijão, o lucro de Elias Casseb, 36 anos, teve que ficar congelado. A única alternativa para não perder os clientes, em sua maioria comerciários, foi estabelecer um teto para o preço do prato feito (PF), que varia de R$15 a R$20, dependendo da proteína. Apesar disso, a venda das comidas tem diminuído desde dezembro de 2023, o que dificulta no pagamento dos funcionários e a manter o negócio.
“A gente não consegue passar a diferença ao cliente e por isso não faturamos muito. Nós não conseguimos contratar mais e nem dar uma equilibrada nas contas. Nós perdemos um pouco dos clientes porque com o aumento do valor a maioria tem trazido comida de casa. O nosso público é o comerciário e se a gente aumenta R$1 já faz diferença para ele”, explica o gerente de um restaurante no Comércio.
AUMENTO
É inevitável aumentar o valor do prato feito, segundo a cozinheira Deia Garcia. Com um empreendimento no Mercado de Carne, a cozinheira precisa custear os alimentos da rotina alimentar, como arroz, feijão, saladas crua e de maionese, além de pagar três funcionárias. Os clientes reclamam, mas se o valor não for repassado não há condições de manter o trabalho.
“Ainda tá dando pra trabalhar, mas eu aumentei o valor dos pratos, antes era R$15 e agora eu aumentei pra R$18, mas dependendo da comida faço até R$20. Os fregueses reclamam dos aumentos, mas eu sempre digo que as coisas estão aumentando muito rápido. Aqui a gente não tem outra alternativa, todo dia tem arroz, feijão, salada crua e salada de maionese. Só às vezes quando estão muito caros os legumes que a gente faz só um tipo de salada”, relata Deia.
Mais de R$ 1 mil por mês é destinado à alimentação de Sandra Santos. Mesmo evitando comer fora de casa, ela observa que atualmente o custo da alimentação tem tomado uma parte considerável do salário de professora. Por isso, a nutrição da família tem ficado cada vez mais pobre ao passo que o preço dos alimentos se eleva.
“O arroz está muito caro, a carne não baixou, o café, o feijão estão bem mais caros. Eu costumo comer só em casa para economizar, só como na rua se tiver viajando. Dependendo da comida, às vezes é o mesmo preço do que comer em casa. A qualidade da minha alimentação caiu um pouco. Se for levar em consideração tudo o que precisa ter em um prato, você não compra mais os alimentos com um preço bom. Sai pesado”, declara Sandra.