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Por que o dólar está em alta e como isso afeta o Pará?

Variações e flutuações da moeda podem impactar nas exportações paraenses e encarecer as importações para empresas e consumidores.
Variações e flutuações da moeda podem impactar nas exportações paraenses e encarecer as importações para empresas e consumidores.

Depois de alcançar a maior cotação no país desde janeiro de 2022, quando no último dia 2 de julho, o dólar chegou a ser comercializado a R$ 5,66, a moeda vem registrando queda de preço – 1,12% só na terça, dia 9, quando fechou a R$ 5,41 (comercial) na compra e venda, mesma data em que a presidência do Banco Central dos Estados Unidos declarou que a economia do país não está mais superaquecida, e pesando riscos.

Essas variações e flutuações, segundo o escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), podem afetar diversos setores econômicos e sociais no Pará e em outros estados brasileiros.

Supervisor técnico da entidade, Everson Costa indica possibilidades de impactos nas exportações, dado que a economia paraense é fortemente baseada na produção e movimentação de commodities, como minério de ferro, alumínio, e produtos agrícolas. Ao mesmo tempo, essa mesma valorização encarece as importações para empresas e consumidores que dependem de insumos, compra, venda e comercialização de produtos importados, aumentando expressivamente os custos de produção e os preços dos bens de consumo – aqui com destaque para itens como combustíveis, máquinas e equipamentos industriais.

“Se há flutuação e impactos na formação de preços por conta do dólar, essa relação também impacta a inflação, especialmente se houver uma grande dependência de produtos importados ou de insumos para a produção local. Com o aumento dos preços dos produtos importados, há uma pressão inflacionária que afeta diretamente o custo de vida da população. Já os turistas estrangeiros podem visitar o Brasil com custos mais baixos, o que pode beneficiar o turismo local no Pará, gerando receitas adicionais”, avalia o supervisor técnico do Dieese/PA, lembrando que as flutuações no valor da moeda podem afetar ainda os investimentos estrangeiros no estado.

EXPORTAÇÕES: PREÇO DO AÇAÍ SERÁ AFETADO?

De acordo os dados nacionais da balança comercial brasileira (importações e exportações), no primeiro semestre deste ano o volume de exportação do Pará atingiu a cifra de US$ 10,754 bilhões, importou cerca de US$ 898 milhões de dólares e garantiu um superávit de US$ 9.855 milhões de dólares.

Entre janeiro e junho deste ano, a distribuição dos principais produtos exportados pelo Pará foram os seguintes: 56% em minério de ferro e seus concentrados; 12% em minério de cobre e seus concentrados; 9,8% em soja; 7,3% em alumina (óxido de alumínio) e 3,1% em carne bovina.

No caso da produção de açaí, o estado produz anualmente cerca de 1,5 milhão de tonelada do fruto, sendo responsável por 94% da produção nacional. “Cerca de 40% dessa produção vai para outros estados brasileiros e também outros países, então é possível entender que as variações do dólar têm um efeito variado e bastante diverso também nesta relação econômica”, alerta Everson.

Já as principais importações foram 26% em adubos ou fertilizantes químicos; 11% em elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais halogênios; 8% em óleos combustíveis de petróleo e 7,3% em instalações e equipamentos de engenharia civil e construtores.

Por Carol Menezes