Pará - A Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCBA) foi criada em 1959 e serve para mostrar quanto a alimentação representa no orçamento do trabalhador, além de identificar diferenças entre as regiões do país.
Com base no padrão do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), os 13 itens essenciais são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, frutas como banana, açúcar, óleo e manteiga. Além desses, algumas regiões acrescentam produtos específicos conforme sua realidade local. Para entender melhor esse assunto, a reportagem conversou com Everson Costa, supervisor técnico do Dieese no Pará, que explicou os detalhes para a gente.
“A pesquisa é um levantamento contínuo dos preços de produtos considerados essenciais à sobrevivência de um trabalhador adulto. Atualmente, ela é realizada em 17 unidades da federação e permite comparar o custo da cesta básica entre diferentes regiões do país”, explica Everson Costa.
“No estado do Pará, o levantamento da cesta básica começou em agosto de 1987. Por isso, temos uma das cestas mais antigas entre as pesquisas feitas pelo Dieese em todo o país”, acrescenta.
Everson explica que os alimentos que compõem a cesta básica foram definidos pelo Decreto-Lei nº 399, de 30 de abril de 1938, que também regulamentou o salário mínimo. Segundo ele, esse decreto determina uma lista com 13 itens alimentares em quantidades suficientes para sustentar um trabalhador durante um mês. “A composição dessa cesta pode variar conforme os hábitos alimentares de cada região, levando em conta as diferenças culturais e necessidades nutricionais locais”, pontua.
Costa ainda explica que, inicialmente, a pesquisa foi criada em São Paulo, baseando-se nos dados utilizados para calcular o Índice de Custo de Vida (ICV). “Com o passar do tempo, ela foi ampliada para outras capitais do país, tornando-se uma referência nacional em estudos sobre renda, consumo e segurança alimentar. Atualmente, o banco de dados da PNCBA fornece informações como os preços médios dos itens, o custo total da cesta básica e a quantidade de horas de trabalho necessárias para comprá-la, considerando o salário mínimo vigente”, esclarece.
Ele afirma que essas informações são cruciais para o entendimento das condições de vida do trabalhador brasileiro. “Através dos dados, é possível refletir sobre o poder de compra da população, a eficiência das políticas públicas e os impactos da inflação no prato do cidadão comum”, assegura.
Parceria entre Conab e DIEESE
Em 2025, a importância da pesquisa ganhou novo fôlego: a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) firmou uma parceria com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) para fortalecer o acompanhamento dos preços da cesta básica. Segundo Everson a iniciativa visa contribuir para a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, além de embasar medidas dentro da Política Nacional de Abastecimento Alimentar.
Para o supervisor técnico, enquanto o custo dos alimentos básicos continua oscilando com a economia, a PNCBA segue como um instrumento essencial de monitoramento e de transparência para trabalhadores, sindicatos, governos e sociedade civil.
O Salário Mínimo Ideal
De acordo com o especialista, a Constituição diz que o salário mínimo deveria ser a menor quantia que uma pessoa recebe para cobrir suas despesas, como saúde, lazer, transporte e outros gastos do dia a dia. Segundo Everson, o salário mínimo atual ainda está longe de atender a essa necessidade. Ele explica que o valor ideal do salário mínimo deveria ser bem maior, cerca de 7 mil reais. ”Mesmo que o salário tenha aumentado ou ganhado alguns reais ao longo do tempo, ele ainda não é suficiente para garantir uma vida confortável para o trabalhador, como deveria acontecer”, finaliza.