A inflação dos alimentos tem corroído o poder de compra dos brasileiros, e em Belém a situação não é diferente. O preço do ovo foi alvo de um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) nesta semana. O levantamento aponta que, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, o valor da bandeja TOP, com 30 unidades, não apresentou variação, permanecendo em R$ 28,99. Já a dúzia da marca Gaasa teve um aumento de 1,9% no período, passando a custar R$ 12,35.
No entanto, ao analisar um intervalo de 12 meses, de janeiro de 2024 a janeiro de 2025, a alta foi superior à inflação geral do país, registrada em 4,8% pelo IBGE no ano passado. A bandeja com 30 unidades subiu 7,9%, enquanto a dúzia teve um aumento mais moderado, de 1,4%, segundo a entidade.
Apesar da alta nos preços dos alimentos de forma geral, os consumidores ainda não abandonaram o ovo, que segue sendo uma opção acessível e nutritiva.
“É algo que vale a pena comprar. O ovo é um alimento importante para a saúde. Tudo aumentou, a carne também. Uma farofinha de ovo é boa, sempre tem um complemento para o ovo. Mas não é o alimento principal”, afirma a pedagoga Régia Teixeira, 45.
Uma das explicações apontadas pelo Dieese para o aumento do preço está na baixa oferta do produto no mercado, influenciada pelas altas temperaturas registradas no país no último ano, que afetam diretamente a produção das galinhas. Além disso, a procura pelo ovo cresceu como alternativa à carne e ao frango, que também sofreram reajustes.
“O pobre, para viver hoje, tem que fazer muita ginástica, né? Porque o que a gente ganha, sabe como é? Acaba aqui no supermercado”, lamenta o marítimo aposentado Raimundo Quaresma, 78 anos. “Eu tenho problema no coração, então costumo fazer omelete com aveia todo dia. Cozido também é bom. Então tem que comprar, não tem jeito”, ressalta.
Os proprietários de food trucks, que costumam comercializar sanduíches com ovo, são os mais prejudicados pela inflação, pois enfrentam dificuldades para repassar os reajustes ao consumidor final.
“O com ovo é o que mais sai, o que dá mais sabor. Para falar a verdade, esses preços que vocês estão vendo aqui eu já mantenho há três anos. Estou segurando tudo, porque, se aumentar, complica. Tem que trabalhar mais para compensar”, explica Gleiton Diego Santana, 36 anos, dono de um carro de lanches no bairro do Jurunas.