Trayce Melo
A cesta básica no Pará encerrou o ano passado com alta no preço dos seus produtos, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pará). Levantamento divulgado recentemente apontou que no último mês do ano passado, o conjunto de itens que compõem a cesta básica dos paraenses comercializados na capital voltou a ficar mais caro, custando cerca de R$ 645,44.
O balanço efetuado pelo Dieese mostra ainda que, no mês passado, a maioria dos produtos que compõem a cesta básica dos paraenses voltou a apresentar aumentos de preços, com destaque para o tomate, que registrou, neste mesmo período, o quarto maior reajuste acumulado, seguido da farinha de mandioca, que vem apresentando aumentos sucessivos de preços. A farinha foi o produto que mais subiu de preço no balanço acumulado de 2023.
O preço da farinha de mandioca apresentou a seguinte trajetória nos últimos 12 meses: em dezembro/2022, em média o kg do produto foi comercializado a R$ 8,70. Em janeiro/2023 foi comercializado em média a R$ 9,26; em novembro/2023 foi vendido em média a R$ 10,36 e no último mês do ano passado foi comercializado em média a R$ 10,39. Com isso, os paraenses voltaram a pagar mais caro pela farinha em dezembro, com alta de 0,29% em relação a novembro. No comparativo de preços em 2023, o kg do produto acumulou alta de 19,43%.
O supervisor técnico do Dieese/Pará, Everson Costa, explica que a produção do tomate e da farinha está sofrendo com os efeitos sazonais.
“A gente está falando de dois produtos que fazem parte do nosso cotidiano. A farinha muito mais porque ela vai com o pescado, com o açaí e tem uma rotina de entrada e participação muito maior do que o tomate. Mas o que é comum aos dois é o período de entressafra desses produtos. A gente sabe que o período chuvoso, principalmente aqui nosso inverno amazônico, faz com que a produção de farinha seja afetada. Já o tomate, dependendo da região que venha, mais fortemente do Sul e Sudeste, também é afetado pelo período da entressafra e outro fator é a forte variação climática dessas regiões. A produção de tomate até acontece, mas o problema é a qualidade dessa produção, ela está sendo afetada. Então o tomate, ele está menor e perecendo mais rápido”, pontua.
“A farinha do Pará é a campeã na produção nacional, nós temos cerca de 95% da produção nacional aqui no Pará. Acontece que mesmo com a entressafra e mesmo sendo uma produção local, o que muda nessa relação é a questão dos atravessadores que é uma cadeia de produção. Ou seja, tem muitas famílias, muitas zonas rurais e comunidades. Só que elas não estão organizadas, cooperadas, e essa produção ainda é artesanal. Com isso, você tem, então, outros elementos participando da formação de preço da farinha. E aqui a gente tem os chamados atravessadores, que fazem parte do mercado livre, mas eles vão lá, compram por um preço bem mais barato, e vão vendendo o produto, dependendo do preço que eles queiram”, ressalta