O número de consumidores inadimplentes no Brasil subiu 9,2% em agosto de 2025 em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). No total, 71,78 milhões de pessoas estavam com contas atrasadas, o equivalente a 43,1% da população adulta. Na comparação com julho, houve alta de 0,71%.
O avanço foi puxado principalmente por débitos com atraso de três a quatro anos, que dispararam 39,7%. Ainda assim, a maior fatia de inadimplentes concentra dívidas de um a três anos, representando 36,2% do total. O tempo médio de atraso é de 28,4 meses.
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o quadro revela um entrave estrutural. “Quase metade da população adulta negativada mostra que as famílias seguem com dificuldades para reorganizar suas finanças. O salto nas dívidas antigas indica um ciclo de endividamento persistente, que exige políticas públicas e iniciativas privadas focadas em educação financeira e renegociação justa.”
Regiões, idade e gênero
O Centro-Oeste registrou a maior alta anual de inadimplentes (9,1%), seguido por Sudeste (8,6%), Norte (8,1%), Nordeste (7,6%) e Sul (5,4%). Em termos absolutos, o Sudeste lidera com 30,9 milhões de negativados, mas é no Centro-Oeste que a proporção é maior: 46,6% da população adulta.
A faixa etária de 30 a 39 anos concentra a maioria dos devedores: 17,7 milhões de pessoas, ou 52% desse grupo etário. A idade média do inadimplente é de 44,9 anos. A divisão por gênero se mantém equilibrada: 51,1% mulheres e 48,9% homens.
Impacto da Inadimplência por Faixa Etária
O presidente do SPC BRASIL, Roque Pellizzaro Júnior, alerta que a concentração de dívidas nessa faixa etária é preocupante. “Esse público é vital para o consumo e a economia. O crescimento de 19,1% nas dívidas com bancos mostra a necessidade de crédito mais responsável e de maior acesso à informação para evitar o superendividamento.”
Valor e setores da dívida
O total de dívidas em atraso subiu 15,9% em um ano e 1,42% em relação a julho. O valor médio devido por consumidor é de R$ 4.758,04.
Endividamento e Setores Afetados
Quase 30% dos inadimplentes devem até R$ 500, o que revela que débitos de baixo valor também pesam no orçamento. O setor bancário responde por dois terços das dívidas (66,5%), seguido por contas de água e luz (10,2%), comércio (9,3%) e outros (8,2%).