Pará - Em Belém, o custo total para adquirir os produtos essenciais passou de R$ 709,04 em junho para R$ 696,23 em julho, uma redução de 1,81%. Apesar da queda, o valor permanece elevado e representa um grande peso para os que recebem um salário mínimo. Para adquirir a cesta, um trabalhador que ganha o piso nacional de R$ 1.518,00 precisa comprometer 45,86% de sua renda, ou seja, quase metade do seu salário é destinado apenas à alimentação básica.
A sequência de quedas – ainda que pequena – sinaliza uma possível estabilização ou mesmo uma trajetória de baixa para alguns dos alimentos que compõem a pesquisa, após um período de alta inflação nos itens alimentares. Especialistas do DIEESE analisam a variação de preços de 13 produtos de primeira necessidade, como arroz, feijão, carne, leite, óleo e pão.
Contexto Nacional e Impacto no Orçamento
A queda no Pará contrasta, em maior ou menor grau, com a realidade de outras capitais brasileiras, cujos dados também são coletados pelo DIEESE. Enquanto o paraense viu seu custo diminuir, a tendência nacional pode ser mista, com algumas regiões apresentando alta e outras estabilidade, reflexo das diferentes cadeias de produção, logística e tributos estaduais.
O grande destaque da pesquisa, no entanto, vai além do valor absoluto da cesta e recai sobre o seu impacto no poder de compra. O indicador que mede o percentual do salário mínimo necessário para a aquisição dos alimentos é um termômetro social crucial. Um comprometimento de quase 50% da renda com alimentação deixa pouquíssimo espaço para outras despesas fundamentais, como aluguel, transporte, energia, água, saúde e educação.
Isso significa que, na prática, para uma família que depende de um único salário mínimo, a situação continua crítica. A ligeira baixa no preço é positiva, mas não é suficiente para alterar significativamente a pressão sobre o orçamento doméstico, indicando que o custo de vida no estado ainda é um desafio majoritário para a população de baixa renda.
A expectativa é que a continuidade de boas safras e a estabilidade no preço dos combustíveis possam contribuir para uma manutenção dessa tendência de queda ou, pelo menos, evitar novos aumentos significativos no custo da cesta básica para os paraenses nos próximos meses.