INADIPLÊNCIA

Maioria dos consumidores volta a dever após limpar o nome, diz SPC Brasil

Levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil mostra que a inadimplência tem se tornado um problema recorrente entre os brasileiros

Para enfrentar uma dívida e prevenir a inadimplência, é crucial implementar algumas práticas financeiras responsáveis, diz economista
FOTO: Mauro Ângelo
Para enfrentar uma dívida e prevenir a inadimplência, é crucial implementar algumas práticas financeiras responsáveis, diz economista FOTO: Mauro Ângelo

Levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil mostra que a inadimplência tem se tornado um problema recorrente entre os brasileiros. Em abril de 2025, 85,12% das pessoas que tiveram o nome negativado já haviam passado por situação semelhante nos 12 meses anteriores.

Esse dado faz parte do Indicador de Reincidência, que mede quantos consumidores voltam a ficar com o nome sujo após quitar dívidas anteriores. Segundo o estudo, a reincidência acontece, em média, 72 dias depois da quitação — ou seja, pouco mais de dois meses depois de pagar uma dívida, muitos voltam a atrasar novas contas.

Dívidas viram um ciclo difícil de romper

De acordo com o presidente da CNDL, José César da Costa, o alto número de reincidentes é resultado de um cenário econômico desafiador, com juros altos, inflação e endividamento. “A inadimplência deixou de ser pontual e se tornou cíclica, principalmente entre os mais vulneráveis. Isso exige atenção urgente para evitar a exclusão financeira de milhões de brasileiros”, afirma.

Entre os reincidentes, 63,87% ainda tinham dívidas antigas em aberto até abril, e 21,25% já haviam conseguido limpar o nome em algum momento nos últimos 12 meses, mas voltaram a atrasar o pagamento de novas contas.

A maior parte dos inadimplentes reincidentes está na faixa de 30 a 39 anos (26,40%). Já por sexo, a distribuição é equilibrada: 53,92% são mulheres e 46,08% homens.

Número de brasileiros que limpam o nome também caiu

O estudo mostra também que, ao longo dos 12 meses encerrados em abril de 2025, caiu 9,37% o número de consumidores que conseguiram sair das listas de negativados — em comparação com os 12 meses anteriores.

Queda no número de consumidores que limpam o nome

Essa queda foi mais acentuada entre aqueles que conseguiram pagar suas dívidas em até 90 dias, grupo que registrou redução de 11,45%.

Entre os consumidores que conseguiram quitar suas dívidas, a maioria tem entre 50 e 64 anos (23,85%). A distribuição por sexo também se mantém equilibrada: 51,73% são mulheres e 48,27% homens.

Em média, cada consumidor recuperado pagou R$ 2.333,07 no total das dívidas. No entanto, a maioria (58,51%) conseguiu limpar o nome pagando até R$ 500.

Alerta para o risco de endividamento constante

Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, os dados mostram que muitas famílias não conseguem manter o equilíbrio financeiro mesmo após pagarem suas dívidas. “Isso revela uma armadilha do endividamento: consumidores quitam uma dívida apenas para contrair outra, muitas vezes em condições ainda piores”, afirma.

A inadimplência atinge atualmente cerca de 42,36% da população adulta brasileira, segundo o SPC Brasil.