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Litro do tucupi para o Círio deste ano está 15% mais caro

Edilson Henrique diz que é possível chegar a um valor do tucupi que seja satisfatório para todos
FOTO: RICARDO AMANAJÁS
Edilson Henrique diz que é possível chegar a um valor do tucupi que seja satisfatório para todos FOTO: RICARDO AMANAJÁS

Diego Monteiro

É preciso estar atento na hora de comprar os itens para o almoço do Círio de Nazaré este ano, pois, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), alguns produtos estão mais caros, a exemplo do litro do tucupi, que atingiu 15% acima do valor cobrado em 2022, superando a inflação, registrada em 4,06%.

O Dieese/PA efetuou a pesquisa entre os últimos dias 8 e 13 de setembro nas principais feiras e supermercados de Belém. Foram analisados os preços do tucupi vendido em garrafas PET de um e dois litros. O estudo ressalta que dependendo do fornecedor, o valor do produto pode apresentar uma variação superior a 20% de um estabelecimento para outro.

No Ver-o-Peso, uma garrafa PET de dois litros de tucupi oscila de R$ 6 a R$ 10. Já em mercados como os de São Brás, Batista Campos, Terra Firme, Jurunas, Guamá, Telégrafo, Barreiro e Icoaraci, o mesmo item pode chegar a R$ 20. Agora, nas grandes redes de supermercados espalhados pela cidade, o mesmo item pode variar entre R$ 11,49 e R$ 23,90.

Ainda no Ver-o-Peso, os feirantes estão começando a ficar satisfeitos com as vendas, mas explicam que ainda estão abaixo do esperado. “Está começando ainda, por isso é necessário deixar a agonia de lado. Apesar de ainda estarem mornas, a expectativa de muitos é de boas vendas esse ano, superiores em 20% do que as de 2022”, afirma Edilson Henrique Moraes, 66.

Para o feirante, não existe viagem perdida e por mais que os preços estejam elevados, é possível chegar a um valor que seja satisfatório para ambas as partes. “Estou vendendo dois litros de tucupi a R$ 8. É possível dar uma reduzida nesse preço. O maço de jambu, por exemplo, custa R$ 3, mas posso fazer dois maços por R$ 5. Nada que uma boa conversa não resolva”, completa.

Experiente quando o assunto é ingredientes para o almoço do Círio de Nazaré, Dinair Barros, 62, aponta que os feirantes só começarão a sentir de fato o aumento das vendas na primeira semana de outubro. Por enquanto, a saída de maniva e de tucupi tem se mostrado reduzida pelo Ver-o-Peso e em relação aos reajustes, o desafio é evitar que as altas não impactem no bolso dos clientes.

Dinair complementa: “de fato estamos pagando mais caro pelos insumos, mas com um jogo de cintura vendemos, às vezes sem repassar esse aumento para o freguês, e desta forma garantindo a fidelidade, mesmo que a margem de lucro na maioria dos casos seja menor. De qualquer maneira, já estamos ansiosos, principalmente pelo segundo ano em que o Círio de Nazaré volta às ruas”.

Com olhos no grande movimento dos próximos dias e para atender a demanda, a produção tem se intensificado. Ao percorrer a parte superior do Ver-o-Peso, é possível notar a fumaça que sai das dezenas de panelas com tucupi ainda no processo de fervura antes de ser engarrafado e vendido.

“Vai saindo e vamos repondo”, brinca Alexandra Albuquerque, 23. “Para nós que trabalhamos com esse tipo de produto, o Círio de Nazaré é um Natal, pois é quando conseguimos garantir um bom rendimento com as vendas de ingredientes regionais. Claro que devemos manter o pé no chão para que nem o consumidor e nem a gente possamos ser prejudicados por causa desses reajustes”, esclarece a feirante.