ECONOMIA

Investir mesmo endividado: quando faz sentido e o que considerar antes de aplicar dinheiro

Especialista garante que nem precisa "aloprar": guardar até R$ 30 por mês já vale.

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Cálculo de despesas. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Cálculo de despesas. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Com o número de brasileiros com algum tipo de investimento financeiro previsto para crescer em quatro milhões até 2025, segundo o Raio X do Investidor Brasileiro (Anbima/Datafolha), muitas pessoas ainda se perguntam: quem tem dívidas deve investir? A dúvida é comum, especialmente entre os que estão em busca de organização financeira, mas convivem com contas em aberto e restrições no nome.

A resposta não é simples. Segundo a especialista Camila Poltronieri Flaquer, head de Cobrança Digital de uma plataforma especialista em recuperação de crédito no Brasil, tudo depende do tipo de dívida, dos juros cobrados e da natureza do investimento. “Avaliar a natureza da dívida, os juros envolvidos e o tipo de aplicação faz toda a diferença para tomar a melhor decisão”, explica.

Manter investimentos pode ser estratégico — mesmo com dívidas

Para quem está com o orçamento apertado, pode parecer contraditório guardar dinheiro, mas manter uma reserva de emergência pode evitar novos endividamentos. “Dentro do possível, é importante manter uma quantia mínima reservada para emergências. Essa quantia pode evitar que imprevistos gerem dívidas”, afirma Camila.

Ela ressalta que guardar valores pequenos já é um começo. “Guardar R$ 20 ou R$ 30 por mês já cria o hábito do planejamento financeiro e traz segurança”, diz. Opções como o Tesouro Direto — com aplicações a partir de R$ 30 — e a tradicional poupança podem ser alternativas viáveis para quem está começando.

A recomendação, nesses casos, é optar por investimentos com liquidez — ou seja, que permitam resgate fácil — para garantir acesso rápido ao valor aplicado em caso de necessidade.

Dívidas com juros altos exigem atenção especial

No entanto, quando o endividamento está atrelado a modalidades com juros elevados, como o cheque especial ou o rotativo do cartão de crédito, a prioridade deve ser quitar essas dívidas. Isso porque os juros cobrados nessas operações geralmente superam os rendimentos de qualquer aplicação conservadora, e até mesmo de investimentos moderados ou agressivos.

“Nesses casos, o ideal é utilizar o valor investido para quitar a dívida o quanto antes”, alerta a especialista.

Antecipar parcelas ou investir: qual a melhor escolha?

A dúvida também surge quando o consumidor tem dívidas de longo prazo, como financiamentos imobiliários ou de veículos. Ao receber um dinheiro extra, como o 13º salário, é comum se questionar: é melhor investir ou antecipar parcelas do financiamento?

Camila explica que a resposta depende de variáveis como o desconto oferecido na antecipação e o rendimento da aplicação pretendida. “Comparar a taxa de juros da dívida com o rendimento estimado do investimento, considerando o imposto de renda sobre o lucro, é essencial”, orienta.

Se o investimento render mais que o custo da dívida, pode ser vantajoso manter o dinheiro aplicado. Porém, se antecipar parcelas resultar em **redução significativa do valor total da dívida** ou garantir alívio financeiro imediato, essa pode ser a melhor alternativa.

Organização financeira é o primeiro passo para investir com consciência

Segundo Camila Poltronieri, a decisão entre investir ou quitar dívidas deve sempre levar em conta o impacto que os débitos têm sobre o orçamento familiar. “Manter pendências financeiras pode comprometer parte da renda mensal, além de gerar negativação em órgãos de proteção ao crédito e outras dores de cabeça futuras”, afirma.

A orientação para quem deseja equilibrar dívidas e investimentos é buscar educação financeira, avaliar prioridades e, sempre que possível, construir uma reserva de emergência que traga mais tranquilidade no dia a dia.